Técnica de diferenciação, exercício
de introspecção, fantasia ativa e função transcendente: estes foram os
nomes que o psiquiatra suíço, Carl Gustav Jung, deu à Imaginação Ativa antes
de cunhar em definitivo este termo. Vamos compreender o que isso
significa e como esta metodologia pode ser aplicada e estimulada em
nossa vida em nossos processos de desenvolvimento e autoconhecimento.
Jung usou este método para estimular seus pacientes psiquiátricos a extravasarem as fantasias contidas em sua mente consciente e inconsciente,
e exercitar sua criatividade e demonstrá-la por meio da pintura, dança,
poesia e escultura, sendo o precursor desta abordagem e influenciador
de muitas outras que viriam depois. Podemos dizer que esta interação
entre o que está abaixo e acima da superfície humana, é uma brilhante
forma de compreender quem nós somos, o que sentimos; como nossa mente
processa isso e projeta estas informações para o mundo. Jung mesmo fazia
estas análises de seus próprios desenhos ou obras como forma de
aprofundar os conhecimentos sobre si mesmo também.
4 Formas de Exercitar a Imaginação Ativa Segundo Jung
A imaginação ativa é um tipo poderoso de terapia, pois busca desvendar os mistérios contidos em nossa mente, nas profundezas do self 2,
do inconsciente e trazê-los à tona para assim ajudar a pessoa em seu
processo de autoconhecimento e autocura. Por isso, é importante
compreender como funciona e ele é usado para o desenvolvimento mental e
humano.
1-Pela libertação do fluxo de pensamento do ego
Neste primeiro momento, a ideia é
libertar-se das amaras do ego e das suas fantasias primárias, uma vez
que ele é o centro de toda consciência humana e uma espécie de
gerenciador da realidade e nossas ideias, sentimentos e ações e pode
influenciar os resultados. Deste modo, a criatividade pode ser expressa
por meio da pintura, meditação, ioga, por exemplo.
2 – Permitir que o inconsciente se torne uma percepção anterior
Diferente do primeiro passo, neste
devemos permitir que as fantasias sejam liberadas e não eliminadas do
processo criativo, de modo que possam ser trabalhadas e expressadas por
meio das formas escolhidas. Neste momento, dois cuidados devem ser
tomados: o de não se concentrar demais e nem de menos nestas imagens,
para assim poder trabalhá-las assertivamente.
3 – Dar forma à imagem
Este é o momento onde as ideias
verdadeiramente tomam forma, seja por escrito, por meio de poesias e
músicas, de desenhos, pinturas, esculturas que tomam cor e forma e
também da dança, dos movimentos realizados pelo corpo que devem ser
registrados por meio de fotos ou vídeo, por exemplo. Isso ajuda a
compreender como a mente manifestou sentimentos e emoções nos gestos
executados.
4 – Análises dos Resultados
Segundo Jung este é o ponto alto da
terapia da Imaginação Ativa, pois é onde a realidade se encontra com
aquilo que a mente inconsciente produziu e tenta fazer um paralelo entre
os artefatos produzidos da mente e expressados em suas obras. Para
isso, de acordo com o psiquiatra, devemos nos apresentar de forma
verdadeira ao nosso inconsciente, ou seja, sem nenhuma máscara, de modo
que isso permita fazer uma leitura real do material construído.
Objetivo e Estágios da Imaginação Ativa
O objetivo da imaginação ativa é dar
voz aos lados da personalidade, em particular a anima, o animus e a
sombra, que na maior parte do tempo não são ouvidos, estabelecendo assim
uma linha de comunicação entre a consciência e o inconsciente. Mesmo
quando os produtos finais – desenho, pintura, escrita, escultura, dança,
música, etc. – não são interpretados, ocorre algo entre criador e
criação que contribui para uma transformação da consciência.
O primeiro estágio da imaginação
ativa é como sonhar com os olhos abertos. Isso pode acontecer
espontaneamente ou ser artificialmente induzido. Você escolhe um sonho,
ou alguma outra imagem de fantasia, e se concentra nele, simplesmente
agarrando-o e olhando para ele. Você também pode usar um mau humor como
ponto de partida e, em seguida, tentar descobrir que tipo de imagem de
fantasia produzirá, ou que imagem está expressando esse humor. Fixa essa
imagem na mente e concentra sua atenção. Normalmente, ela irá se
alterar, pois o simples fato de contemplá-lo o anima. As alterações
devem ser cuidadosamente anotadas o tempo todo, pois elas refletem os
processos psíquicos no fundo inconsciente, que aparecem na forma de
imagens que consistem em material de memória consciente. Desta forma,
consciente e inconsciente estão unidos.
O segundo estágio, além de
simplesmente observar as imagens, envolve uma participação consciente
nelas, a avaliação honesta do que elas significam sobre si mesmo e um
compromisso moral e intelectualmente vinculante de agir sobre os
insights. Esta é uma transição de uma atitude meramente perceptiva ou
estética, para uma de julgamento.
A atitude de julgamento implica um
envolvimento voluntário naqueles processos de fantasia que compensam o
indivíduo e, em particular, a situação coletiva da consciência. O
propósito declarado desse envolvimento é integrar as afirmações do
inconsciente e assimilar seu conteúdo compensatório.
A ideia que Carl defendia é a de que
os pacientes, por si só, buscassem compreender as mensagens e, mesmo
quando tivessem esta dificuldade, se esforçassem para agir da mesma
forma que agiriam em uma situação normal de seu cotidiano. Quando nos
vemos diante de imagens inconscientes não explicadas, podemos usar a
imaginação ativa para decifrar estes conteúdos por meio de
questionamentos, reflexões e do entendimento mais aprofundado dos
sentimentos e emoções expressados naquele momento.
Este diálogo interno permite
compreender melhor quem nós somos e o que podemos fazer para evoluir em
aspectos que assombram nossa mente e que ainda nos são desconhecidos. A criatividade, por sua vez, está na forma como expressamos estas ideias submersas e as traduzimos por meio da linguagem da arte, por exemplo.
Dica de Filme
Por fim, quero deixar uma dica para
que possa compreender melhor à aplicação da Imaginação Ativa, mais um
poderoso método criado por Jung, no processo de desenvolvimento de
pacientes psiquiátricos. Estou falando do filme: Nise – o Coração da Loucura!
Estrelado pela atriz, Glória Pires, este filme conta a história real do
uso desta metodologia por meio do desenvolvimento criativo. Vale a pena
conferir!
Via. Wikipedia.
Imaginação ativa (IA) é uma técnica reinventada por Carl Gustav Jung, que a trouxe de volta dos alquimistas. Consiste em uma interação com os conteúdos do inconsciente através de sua personificação[1].
Diferencia-se de uma interpretação dos conteúdos do inconsciente na
medida em que não envolve uma explanação de suas figuras, mas de um
relacionamento com elas. Dessa forma não compreenderíamos o inconsciente
a partir de um ponto de vista intelectual, mas a partir do sentimento,
de um embate, de um confronto com os problemas que se nos deparam a
partir de dentro. Segundo Jung, a IA é a melhor maneira de se ativar a função transcendente, que envolve uma espécie de síntese das funções da consciência, um encontro e grande interação com a totalidade da psique (self ou "eu interior") e tudo o que ela representa[2][3].
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Referências
«PERSONIFICAÇÃO»
Consultado em 23 de abril de 2019.
Arquivado do original em 26 de janeiro de 2013
«IMAGINAÇÃO ATIVA».
Consultado em 23 de abril de 2019.
Arquivado do original em 11 de novembro de 2010
«Conceitos Jung - Voadores/Ajuda».
www.voadores.com.br.
Consultado em 23 de abril de 2019
Bibliografia
- Hannah, Barbara. Encounters with the Soul: Active Imagination as Developed by C.G. Jung. Santa Monica: Sigo, 1981.
- Johnson, Robert A. Inner Work (1986) Harper & Row
- Jung, Carl. Jung on Active Imagination (1997) Princeton U. ISBN 0-691-01576-7
- Miranda, Punita, 'A Imaginação Ativa de C.G. Jung: Personalidades Alternadas e Estados Alterados de Consciência', Actas/Anais i Congresso Lusófono: Esoterismo Ocidental, Vol. II Estudos Junguianos: O Homem Moderno em Busca da Alma, ed. Constança Bettencourt, Lisboa 2016. ISBN: 978-989-757-048-3