terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O Eremita / Arcano 9


O Iniciado

Um dos caminhos que conduzem á perfeição é o caminho do Silêncio, que mais precisamente pode ser encontrado dentro do Taoismo. O Tao ficou muito conhecido por causa do famoso símbolo do Yin/Yang, hoje em dia colocado até em marcas de roupas, por pessoas que não tem o mínimo senso de respeito pelas tradições herméticas, uma vez que símbolos sagrados jamais deveriam ser utilizados em qualquer tipo de comércio. A nível vestimentas, quem atualmente pode utilizar o símbolo do Tao em camisetas ou calças, são os praticantes de Kung-Fu e Tai chi Chuan, visto que estas duas artes marciais chinesas, que na verdade são uma só, estão completamente baseadas na filosofia do Taoísmo.
O taoísmo entre outras coisas, prega o equilíbrio dos opostos representados pelas polaridades Yin/Yang. Para haver equilíbrio no universo sempre existirão o positivo e o negativo, o feminino e o masculino, a luz e as trevas, numa continua dança Cósmica representada no símbolo do Tao, que em sua polaridade Yang (Branca), contém um pequeno circulo negro Yin, representado que no futuro este pequeno circulo negro irá se alastrar, tornando Yang, totalmente Yin, e vice-versa em relação á polaridade Yin que também contém um pequeno principio de Yang, a se alastrar no futuro, invertendo a sua polaridade Yin totalmente para Yang, o seu oposto natural.
No Tao não se procura fixar em umas das duas polaridades existente, mais sim captar a essência, ou seja, o que de melhor podemos encontrar em Yin/Yang, gerando assim um terceiro caminho completamente equilibrado, conhecido como o caminho do Meio. Um caminho que foi atingido pelo sábio que se concentrou em plena posse de si mesmo, precisando para isto afastar-se um pouco, ou até mesmo totalmente da sociedade comum. Através do seu isolamento e fechamento em si mesmo espera atingir um grau tal de sabedoria e não apego, que o permitam agora retornar ao seio da sociedade para aconselhar, sem no entanto, se identificar com as lamurias externas, uma vez que ele, a nível interno, se tornou o Grande Iniciado dentro do templo de seu coração, podendo agora juntar as polaridades opostas de sua vida, e dar um novo sentido á sua existência, influindo através de sua ação no destino de todos aqueles que o cercam.
O caminho do silêncio que requer um isolamento total, mesmo que momentâneo, tem sua validade comprovada por grandes Mestres do passado como Cristo, Buda e Krishna, que antes de iniciarem suas pregações que produziriam radicais mudanças no modo de pensar das pessoas, tiveram que passar por um período de isolamento em montanhas, desertos e locais onde realmente pudessem estar em contato com a voz do seu mestre interno. O interessante é que nenhum destes mestres e muitos outros, ao final de sua Missão aqui na Terra, levaram alguém, ou algum discípulo consigo. No entanto, todos eles deixaram um caminho que deveria ser seguido por aqueles que desejassem atingir a Maestria. Este caminho em algum ponto, passará por uma fase onde teremos que nos isolar para meditar, orar e refletir, em busca do mais sagrado dentro de nós, que nos conduzirá á perfeição, tal como aconteceu com os grandes Mestres do passado e com milhares de pessoas que já compreenderam os ensinamentos dos mesmos e a necessidade de se isolar, para não se contaminarem tanto com o inconsciente coletivo negativo, gerado por nós mesmos, através de nossos inúmeros erros passados e que teimamos em repetir no presente. A todos que vão seguir o caminho do silêncio, nem que seja para experimentá-lo, é muito útil avisar que estarão seguindo o caminho Eremita. Um caminho de prudência no falar, sensibilidade no sentir, e clareza no olhar para o nosso exterior, reconhecendo nele em todas as circunstâncias da vida, a nossa Beleza interna, da qual tudo o mais adveio...

Os símbolos que compõem o Arcano do Eremita
O manto com capuz que cobre inteiramente o corpo do Eremita, representa a discrição e também empresta ao arcano o aspecto do homem sábio isolado em si mesmo. Em linguagem esotérica, este seria o manto de Apolônio de Tyana, famoso instrutor da Escola de Mistérios de Alexandria, que possuía uma prática de meditação pessoal muito interessante, que consistia em envolver-se por um manto de lã e, ficar por horas contemplando o próprio umbigo, na plena posse de si mesmo e isolado do mundo, mesmo que estivesse cercado por uma multidão de iniciados.
O bastão em que o ancião se apoia representa o apoio prestado pela prudência ao homem, que não revela o seu pensamento. Não podemos esquecer que o bastão representa o elemento fogo, e o fogo está ligado na Árvore da vida ao plano arquetipal, ou, espiritual. O fato do Eremita portar um bastão, que o auxilia em sua jornada, representa também a busca de um certo poder espiritual, uma vez que além de representar o elemento fogo, ligado á espiritualidade, sabemos que os magos em seus rituais de magia se utilizam de diversos tipos de bastão, que representam entre outras coisas a sua autoridade em relação ao plano astral, e o instrumento através do qual o magista direciona certas energias dentro e fora do circulo mágico traçado ao seu redor no chão, para servir-lhe de proteção.
A lamparina ou lanterna QUE ilumina o caminho do Eremita é conhecida como a Luz de Hermes Trismegisto, que é a personificação do sistema harmonioso, através do qual a sabedoria metafisica ou astral (superior), se une perfeitamente ao saber físico. Esta luz também representa a inteligência do homem, que deve iluminar o seu passado para que os erros antigos não sejam repetidos no presente; deve iluminar o seu presente, para que ele realmente saiba o que quer da fase atual; e deve finalmente iluminar o seu futuro, para que o homem afoito em suas diversas buscas, não dê o passo maior do que a perna e acabe caindo num abismo muitas vezes sem retorno pelo menos nesta vida.
O fato do Eremita ser velho, detona a experiência adquirida durante as fases da vida. Ele é um ser vivido que tem muito a ensinar. O único problema é que devido a sua avançada idade, se ele não se preparou no devido tempo para ter uma resistência física adequada á passagem dos anos, agora apesar dos vários conhecimentos iniciáticos e da sua grande sabedoria, só pode fazer uma coisa, que é ensinar, e nada mais. Provavelmente nem de força ele disponha mais para executar os rituais mágicos, uma vez que para alguns rituais há a necessidade de uma certa resistência física. Depois de tudo isto que foi dito, cultivemos o nosso espirito, mas jamais esqueçamos de dar a devida atenção que o nosso corpo merece, porque o tempo não perdoa ninguém.
Os animais que o vigiam numa certa postura hostil, poderiam muito bem representar pessoas que temos que conviver no nosso dia-a-dia que devido a sua alta identificação com o ego, mais faz com que ela pareçam animais do que propriamente pessoas. No entanto, o Eremita caminha entre estes animais com extrema tranquilidade, podendo até mesmo ter encantado a serpente pela qual ele já passou. Nenhuma outra postura poderia ser esperada daquele que possui a sabedoria dos anos, fazendo com que ele não se identifique mas com pessoas e situações inconvenientes, passando sempre ao lado delas, mas sem se deixar incomodar.
 Significado do 9° Arcano – o Eremita
Ele é o Iniciado. O Eremita isolado e afastado da sociedade mundana cercado por seus pensamentos e meditações á respeito de si mesmo, da vida e do Cosmos. Um ser de brilhantes inteligência e sabedoria, que apesar do seu afastamento social, conhece profundamente a alma dos homens e mulheres, bem como os seus desejos, podendo orientá-los em direção ao que eles buscam.
O Eremita seria o guia, ou mestre interno que nos auxilia sempre que necessitamos e estamos dispostos a ouvir a sua voz. Para nós ele é o que Merlim foi para Arthur, ou seja, mestre, amigo e conselheiro nas horas mais difíceis. Ele seria o arquétipo do sábio isolado em silêncio que devido ao seu desapego pelo mundano, passa a ser visto pelos imbecis materialistas como um louco que perdeu contato com a realidade, e por aqueles que tem fé, como um homem-santo que pode realmente nos ensinar a executar o ‘religare’ – a nossa união com o Divino.
Realmente, com a presença do Eremita numa consulta, temos que procurar pelo menos momentaneamente o afastamento do convívio social, para que possamos reconectarmo-nos a nós mesmos, e escutar novamente a voz do nosso Mestre Interior, único guia verdadeiro capaz de nos guiar em direção a uma vida melhor, mais plena e abundante em todos os sentidos. Depois de um certo tempo vivendo muito arraigados á sociedade, seus modismos e maneiras, quando buscamos o silêncio indo para um lugar mais isolado, nem que este lugar seja o nosso quarto, o fato é que continuamos a escutar dentro de nós um vozeiro incessante que nos tira totalmente a concentração e boa vontade, no que diz respeito ao contato com o nosso interior. Diante deste vozeiro que nada mais é do que o nosso ego, desesperado com a possibilidade de que possamos adquirir uma nova consciência, tornando-o nosso  servo e não mais nos submetendo a ele como se ele fosse o nosso senhor, não lhe resta outra alternativa, que não seja aumentar o seu fútil falatório interno, para que confusos com suas palavras desconexas, busquemos outra vez os prazeres externos ao invés de nos concentrarmos em nós mesmos. Se cedemos a este ego enlouquecido com a possibilidade de perder o seu controle sobre nós, e retornamos aos hábitos massificantes da sociedade, antes de realizarmos uma profunda e útil auto- análise, perdemos mais uma batalha em relação a uma vida melhor. E depois de um certo tempo, batalhas após batalhas perdidas, nos sentimos velhos, cansados, deprimidos e solitariamente entristecidos, assumindo assim o lado negativo e não real do nono arcano. 

Nos últimos tempos, como podemos notar, está cada vez mais difícil encontrarmos dentro do nosso convívio não apenas social, mas até já atingindo o âmbito familiar, alguém sincero e verdadeiro com quem possamos conversar. Umas vezes por ter a necessidade de falar, outras por pura imprudência e falta de bom senso, falamos o que não devemos, para quem não devemos, e no momento menos propicio, nos perguntando depois, caso os nosso projetos não se realizem, onde foi que erramos. O que nós não tocamos, é que se as coisas se realizem, onde foi que erramos. O que nós não nos tocamos, é que se as coisas estão complicadas e demorando para se realizar em nossas vidas, o que jamais devemos fazer é expor os nossos problemas ás demais pessoas numa grande banca de catástrofes  pessoais, desejando ardentemente com esta postura, que alguém nos pegue no colo. O máximo que as outras pessoas poderiam fazer por nós, seria fornecer conselhos mais ou menos válidos e isto na melhor das hipóteses, uma vez que como elas estão tão perdidas quanto nós, temos sorte ainda quando encontramos alguém que possa falar alguma coisa de aproveitável, e não nos arrasta de uma vez por todas para o fundo do poço, devido sua vasta sabedoria popular e doutorado em ‘resolver coisa alguma’.
Com o Eremita, o momento é de retirada, reflexão e meditação. É como se o ritmo que vínhamos dando á nossa vida até então perdesse o seu sentido, e tivéssemos que fazer uma profunda revisão dentro de nossas metodologias, nos preparando com isto, para as profundas transformações que com certeza ocorrerão depois desta pausa necessária, se é que estas transformações futuras já não estão ocorrendo no nosso dia-a-dia bem debaixo de nossos narizes, sendo necessária estão a reflexão para melhor orientarmos as nossas vidas
Algumas pessoas ao se depararem com o termo isolamento podem pensar que para que possamos vivenciar o nono Arcano, tenhamos que ir para alguma montanha em uma região inóspita do Tibet, ou alguma localidade semelhante. Evidentemente, que nada disto é necessário porque, apesar da ideia de uma viagem ser interessante não é indispensável, levando em conta de que o que realmente precisamos para vivenciar o Eremita, é uma postura mental que nos coloque mais longe de uma percepção externa das coisas, a favor de uma percepção interna, silenciosa e reflexiva á respeito de nós mesmos.
Temos que estar atentos a tudo que ocorre ao nosso redor com a presença deste arcano, uma vez que não seria de se estranhar se em nossa vida nesta fase atual, surgisse do nada alguém mais velho, ou com um ar mais vivido e experiente que o nosso, que nos aconselhasse como desenvolver os nossos projetos. Para os espiritualistas, não seria raro o contato com um mestre externo ou interno, que poderia melhor fornecer indicações sobre a busca espiritual. Agora, se no caso somos nós que por algum motivo entramos em contato com uma pessoa que parece estar meio desorientada, seja ela conhecida ou não, em primeiro lugar temos que ter a plena consciência, de que não entramos na vida também por acaso. Adquirida esta consciência, temos que vestir o manto do Eremita, e auxiliar a pessoa a encontrar a sua própria luz, mostrando caminhos, mas nunca os percorrendo junto com ela, uma vez que a única dependência e vinculo que a pessoa precisa ter nesta vida é com o seu Mestre interior e, nós podemos apenas ser os facilitadores deste contato e nada mais.
Mais dia menos dia, todos nós temos que buscar nem que seja momentaneamente sozinhos, o real sentido de nossas vidas, e não devemos ter medo ou receio do isolamento quando o momento chegar, uma vez que podemos sair de nossa solidão sempre que desejarmos, procurando reconhecer Deus ao nosso redor tanto nas menores, quanto nas maiores coisas desta vida
 O Caminho na árvore da vida (cabala).

Saiba mais a respeito do poderoso número 9, clicando aqui e conferindo este post em especial...

 REFERÊNCIA DE ESTUDO:
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Segredos do Eterno. Alexandre José Garzeri
O TarotCabalístico - um manual de filosofia Mística. Robert Wang
IMAGENS E DECKS (fotos)
THOTH CROWLEY
TAROT NAMUR
MARSELHA
LEONARDO DA VINCI TAROT
BARBARA WALKER
CARL W. ROHRIG TAROT
RIDER WAITE
TAROCCO SOPRAFINO

Um comentário:

  1. parabéns pelo post. iluminativo. faltou esclarecer sobre a ligação do número 9 com a magia sexual.

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