A
Menorá (candelabro) é um dos utensílios mais importantes que havia no
Tabernáculo no deserto e no Templo Sagrado de Jerusalém. Foi construída
de uma só peça de ouro puro e adornada com gravuras e flores que lhe
outorgavam um aspecto belo e imponente.
A
Menorá do Tabernáculo tinha sete braços. O braço central era a parte
fundamental da Menorá e delo saiam três braços para cada lado. Cada
braço estava decorado com copas em forma de flores de amêndoas. Quando a
Menorá estava acesa, as três velas dos lados estavam dirigidas a vela
do meio. A vela central simboliza o princípio fundamental, a luz
central.
O azeite para a Menorá era de grande pureza e estava destilado especialmente para servir a tal propósito.
É
necessário assinalar que enquanto a Menorá do Tabernáculo possuía sete
braços, a Menorá de Chanucá, a que estas habituados em nossos dias,
possui oito braços, em lembrança do milagre de Chanucá, quando a Menorá
ardeu durante oito dias com um recipiente de azeite que era suficiente
apenas para um dia.
A
menorá era o único utensílio do Tabernáculo e do Templo que estava
construído totalmente em ouro. O ouro, o metal precioso, não sofre
mudanças diante das condições ambientais, o tempo e o clima; não oxida
nem se deteriora. O material do qual está construída a Menorá simboliza o
princípio estável que não se modifica nem está sujeito a influência
alguma.
Aaron
o Cohen e depois seus filhos, os Cohanim Haguedolim (grandes
sacerdotes), acendiam todas as manhãs as velas de azeite da Menorá. No
momento do acendimento ordenavam e limpavam as velas, preparavam as
mechas e retiravam as mechas queimadas do dia anterior. A Menorá deveria
estar acesa durante todas as horas do dia e da noite, todos os dias do
ano.
Na
época do Segundo Templo, a Menorá estava construída de estanho. Quando a
situação econômica melhorou, ela foi banhada em prata. Depois o corpo
central da Menorá foi banhado em ouro, em forma similar a Menorá do
Primeiro Templo.
Durante
a destruição do Templo, a Menorá foi saqueada junto com os demais
objetos sagrados, desconhecendo-se seu paradeiro. Com base na gravação
do Arco do Triunfo em Roma, no qual aparece com clareza a Menorá,
existem os que sustentas a teoria de que ela foi levada para Roma.
Outros, ao invés disso, acreditam que os romanos não conseguiram levar a
Menorá, pois esta foi escondida pelos judeus nas catacumbas abaixo do
Templo, para evitar que os conquistadores a levassem.
Podemos
considerar que a Menorá de sete braços do Templo que aparece na nossa
parashá e em outras parashiot, era um instrumento ritual que tinha o
único objetivo de cumprir com uma função religiosa: entretanto, podemos
contemplá-la de forma alegórica, simbólica. Em nosso caso, parece que
este é o significado profundo da Menorá e dos demais utensílios do
Templo.
A
Menorá não era apenas um ornamento do Templo. A Menorá e sua luz
possuíam um valor simbólico que a Torá busca comunicar ao povo. A
função da Menorá é a de dar luz através de suas velas. Na Torá e no
judaísmo a luz simboliza a sabedoria e a inteligência. O poder da vela é
sua influência sobre o homem. A luz da vela penetra no homem através
dos olhos, porém exerce sua influência também sobre sua mente e sua
alma.
A
luz da vela, com o fogo que sobe e desce, não é estática, mas muda
constantemente de cor e de forma; está em eterno movimento. Por isso o
homem se deleita na contemplação do fogo, que lhe recorda seu próprio
movimento interior, seu desejo de avançar e mudar, obter resultados,
elevar-se constantemente.
Existem
aqueles que acreditam que a Menorá representa o homem. As velas que
estão voltadas para o centro ensinam ao homem a contemplar o seu
interior, rever seus próprios atos. O judeu que contempla a Menorá de
ouro aprende sobre o significado da vida saudável. A Menorá ensina que o
segredo da felicidade humana depende de sua possibilidade de pôr seu
espírito e seu corpo a serviço de um objetivo superior e elevado, um
objetivo altruísta, que lhe outorgue a sua alma a união e a paz.
No
marco de uma interpretação alegórica do Templo como representação
simbólica de todo o universo, Filón de Alexandria acredita que a Menorá
representa o céu, que irradia a luz. As sete velas representam os sete
satélites que existem no céu, segundo a astronomia da antiguidade.
As
velas da Menorá deram origem a vários costumes e leis, como as velas do
Shabat, a vela da recordação (Yzkor – em memória de um ente querido) e a
luz eterna (Ner Tamid). As
velas de Shabat foram escolhidas como símbolo deste dia e servem para
diferenciar entre os seis dias da semana e o Shabat. A luz assinala o
limite do tempo, entre o dia e a noite, e também entre os seis dias da
semana e o Shabat. A luz marca uma divisão no passar do tempo e o correr
dos dias.
Os
textos de nossos sábios fazem especial referência as velas do Shabat,
mas além da função prática de iluminar a mesa al redor da qual se sentam
os convidados no Shabat. Os sábios consideram que as velas simbolizam
aqueles valores que transcendem a percepção sensorial e simbolizam o
mundo dos conceitos metafísicos nas esferas do espírito e do pensamento.
A luz simboliza também a presença da luz Divina no lar e no mundo hoje, mediante seu acendimento, simbolizamos sua existência.
Assim
como as velas do Shabat representam a entrada do Shabat e a
santificação do dia, também acendemos a vela de Havdalá (Separação) na
saída do Shabat. Ela diferencia entre o santo e o profano, entre a luz e
a escuridão, entre Israel e os demais povos (segundo a própria bênção).
Depois do falecimento de uma pessoa alguns costumam acender duas velas e colocá-las próximo a cabeça do morto. Existem aqueles que deixam uma vela acessa durante todo o primeiro ano do luto, e outros o fazem apenas durante os sete dias após o falecimento. Todos acendem uma vela no dia do aniversário de morte.
A
luz de recordação simboliza a relação que existe entre a pessoa que
faleceu e seus parentes. A luz nos lembra que o morte não foi esquecido,
e sua lembrança permanece em nosso coração e nos acompanha.
Em
lembrança da Menorá que ardia constantemente no Templo, acostumamos
deixar uma luz acesa permanentemente ao lado da arca no Beit Hakenesset
(Sinagoga).
A
Menorá, o símbolo religioso mais importante na história do povo judeu,
constitui hoje o símbolo nacional do povo que voltou a sua terra. Uma
das razões das quais a Menorá é o símbolo do Estado de Israel, foi criar
um antagonismo em relação a menorá que aparece no arco de Tito. Lá, a
menorá simboliza a derrota e a humilhação dos judeus perante outros
povos. Entretanto, a Menorá como símbolo do Estado de Israel representa a
libertação, a independência, o orgulho judaico.
Sobre
o significado da Menorá e a luz da vela, podemos aprender de um conto
chassídico que descreve a ação da vela: Um Rabino pediu a um aluno seu
que baixasse ao sótão para buscar-lhe um livro. O discípulo foi ao
sótão, porém a total escuridão que reinava aí o impediu de cumprir com o
pedido de seu rabino. Retornou ao rabino e lhe disse: “Tudo está escuro
e não pude encontrar o livro”. O rabino lhe contestou: “Qual é o
problema? Pega um cajado e vai novamente ao sótão, golpeie a escuridão e
então poderás espantá-la e encontrarás o que buscas”.
Retornou
o aluno novamente ao sótão fazendo o que lhe disse seu rabino e mesmo
assim, mais uma vez não conseguiu cumprir com seu objetivo.
Voltou ao seu rabino e lhe disse: “Não consegui espantar a escuridão”.
Então
lhe disse o rabino: “Toma essa pequena vela, acenda-a e a pequena luz
espantará a escuridão. Não é possível espantar a escuridão, o mal, a
negação, sem acendermos uma pequena luz que espante a escuridão e
ilumine um grande salão”.
O
povo de Israel compreende que a Menorá não constitui apenas um objeto
de culto, mas é também um meio de recordação. O homem a contempla e
acende suas velas para acender a menorá de sua vida que então lhe
outorgará a luz de seu sustento.
Por: Rabino Eliahu Birnbaum - Tradução: David Salgado
Fraternalmente.
Paz e Luz
Salve, Namastê, Ave, Shalom, Viva! Sempre (Mesmo)!...
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