terça-feira, 15 de novembro de 2011

A Morte / Arcano 13

Aprendendo a arte de morrer,
antes que você morra.
O que faz com que a vida continue,
com todos os seus ciclos naturais de nascimento e renascimento?
A morte, seria a única resposta correta a esta questão.

Sim! Ela é a única responsável pela perpetuação da vida, pois a sua atuação promovendo o término de um relacionamento, negócio, amizade e até mesmo da própria existência, faz com que possamos renascer dentro de um novo estágio de consciência que pode ser mais ou menos evoluído, dependendo do que nós plantamos na fase anterior de trabalho, antes que ela chegasse até nós.

Muitas pessoas tem medo do momento da morte, pois ele representa o real encontro com a fatalidade que nos remeterá a um plano desconhecido. Mas se formos analisar bem esta situação de desconforto que as pessoas sentem até mesmo em tocar esta situação de desconforto que as pessoas sentem até mesmo em tocar nos assuntos relativos á passagem para o plano espiritual, veremos que isto se deve ao fato da total falta de informação e real interesse- salvo raras exceções- que existe na maioria das religiões á respeito deste assunto, deixando os fieis completamente desorientados e desestruturados diante desta passagem que todos nós realizaremos algum dia. Isto faz com que as pessoas temam a morte e não queiram quando em vida nem saber o que existe do outro lado, pois como sabemos, tudo aquilo que o homem desconhece ele teme, ridiculariza, ou adota perante o fator desconhecido um total e falso desinteresse, que no fundo serve para camuflar a sua total inaptidão e ignorância para lidar com o inexplicado.

No meu ponto de vista, as pessoas não tem medo da morte, mas temem a maneira pela qual se dará a transição e isto se deve ao fato de que ninguém quer sentir dor ao partir deste mundo. Falando com vários alunos e clientes ao longo de todos os meus anos de trabalho, pude notar que quando os assuntos relativos á morte vinham á tona, a maioria das pessoas dizia que se pudesse escolher a maneira pela qual desencarnaria desta vida em direção a uma vida futura, elas preferiam morrer dormindo, ou de maneira fulminante, sem que ao menos percebessem que tinham feito a passagem para outro plano. Até hoje jamais encontrei uma pessoa que preferisse, ao invés de partir logo para o plano espiritual, ficar agonizando em uma cama anos a fio, fazendo também sofrer com isto seus entes queridos. A morte pelo fogo, afogamento e acidentes de transito onde se fica preso nas ferragens se morrendo lentamente, são as situações de transição mais abominadas pelas pessoas em relação ao seu desencarne. Tudo isto, faz com que concluamos que o que as pessoas não querem mesmo, é sentir dor ao partir do plano terreno.


O ser humano não teme a morte, porque ele sabe o que existe do outro lado, uma vez que veio de lá. Ao encarnar, logicamente ele esquece todas as informações relativas ao plano espiritual, bem como as diretrizes para que ele possa manifestar o seu Dharma ou Missão de vida nesta vida.
Esquece também completamente o que foi em suas vidas passadas, para que o apego a estas antigas vivencias que já cumpriram o seu papel em seu processo evolucional, não voltem á sua mente, fazendo com que ele passe a viver nas recordações, tanto benéficas quanto maléficas do passado, quando o necessário agora para a sua real evolução dentro do ciclo das encarnações é concentrar-se no presente, consciente de sua missão de vida na vida atual.

A não lembrança de como viver a nossa missão de vida nesta vida, e até mesmo qual é a nossa Missão de vida, bem como o total esquecimento do plano espiritual em que vivíamos antes de reencarnarmos e das vidas passadas que tivemos, são parte de um complexo esquema evolucional. Uma vez que a terra é um planeta-escola onde temos muitos a aprender, seria injusto que alguns reencarnassem já de antemão tendo plena consciência do que foram no passado e do que precisam cumprir no presente, enquanto a grande maioria das pessoas nem mesmo possui ainda a consciência de que existem vidas passadas e futuras e missões de vida a serem cumpridas nestas vidas. Para nivelar um pouco todos nós ocorre o esquecimento de dados vitais referentes a nossa evolução, fazendo com que o ser humano a mereça através de um longo processo de busca por si mesmo, onde com certeza ocorrerão muitos encontros e desencontros que farão com que o individuo amadureça material, mental, emocional e espiritualmente.

Uma pessoa começa a ser bem ou mal sucedida em sua vida, dependendo de como está procurando ou não realizar ‘ A Missão’, ou seja o papel que lhe foi destinado nesta existência, não por Deus, mas por ela mesma em decorrência do que fez em suas vidas passadas e até mesmo na vida atual, pois é bom não esquecermos que todos nós, sem exceção, estamos sujeitos á Lei de Causa e Efeito. Se a pessoa procura cumprir a sua missão de vida com Amor a ela, então todo o Universo passa a conspirar a seu favor, fazendo com que a sua existência se torne mais suave, harmonizada e equilibrada. Se no entanto a pessoa se revolta contra o papel que deveria estar desempenhando, tudo se torna mais difícil ao longo de sua existência, porque a revolta é injustificada, uma vez que cada um colhe aquilo que plantou, e nada acontece por acaso.

Buscar o autoconhecimento é de fundamental importância para todos aqueles, que, no momento de sua transição, antes do ultimo suspiro queiram estar com a consciência tranquila, sabendo que se não realizaram totalmente aquilo que tinham que cumprir dentro do plano evolucional do ciclo das vidas nesta vida, pelo menos muito pouco deixaram para ser realizado nas próximas existências, podendo cerrar os olhos com a certeza de que cumpriram ao máximo o que tinham a cumprir.

O arcano da Morte, ao contrario do que pensa a maioria das pessoas não iniciadas nos mistérios, não tem nada de negativo ou nefasto em seu contexto. E é sempre bom lembrar que o excessivo temor á morte, faz com que o ser humano não viva a sua vida em total plenitude, pois para tal, seria preciso reconhecer e aceitar no fundo do coração que tudo tem o seu fim para que possa haver um novo começo, sendo natural morrer para que possamos eternamente renascer neste e em outros planos.

A morte dentro do contexto Iniciático.

Dentro das escolas de mistérios tradicionais, também conhecidas pelo nome de Ordens Iniciáticas, existe quando da entrada de um profano na instituição, um ritual de passagem, que é justamente uma alusão á morte.

Este ritual primordial, dentro das Ordens verdadeiramente serias e tradicionais, é de suma importância, pois desta morte simbólica renascerá o Iniciado, ou seja aquele que terá o poder para mudar o mundo em suas mãos, desde que leve verdadeiramente a sério os estudos, práticas e rituais da escola a qual decidiu adentrar.

A morte como primeiro rito de passagem dentro das ordens Iniciáticas pode assumir diversas formas, dependendo da linha iniciática da escola que pode ser egípcia, hebraica, celta, cavaleiresca (templária), Indú e mais um infinidade de tradições. Elas podem diferir quanto a ritualística mortuária, mas mesmo assim mantem o mesmo objetivo, que é o de lembrar ao candidato, que a partir do momento em que ele decidiu adentrar para a Ordem, ele necessita morrer para seus antigos padrões de comportamento, á fim de que possa haver um novo espaço onde não apenas um novo conhecimento, mas também uma nova vida oriunda deste conhecimento que o iniciado vai receber ao longo de sua Senda Mística, possa se manifestar.

É comum ouvir os Iniciados das grandes escolas de Mistérios dizerem que o momento mais significativo dentro da senda Iniciática é o momento da Iniciação, pois ele representa um real renascimento para uma nova vida, após superadas as provas a que foram submetidos os candidatos. Mesmo reconhecendo que a Iniciação é o ápice-mor de muitos contextos iniciáticos, eu, que já morri e renasci muitas vezes, prefiro não me concentrar tanto no final da Iniciação, quando finalmente o Iniciado é reconhecido como tal por seus agora por assim dizer irmãos.
 "Tudo é vaidade". Uma ilusão de óptica criada por Charles Allan Gilbert, criticando o apego material da vida mundana.

De todo o ritual de iniciação, a parte mais importante, sem dúvida alguma é aquela que faz alusão á morte simbólica, pois se esta morte não for bem realizada e aquele que está se submetendo a ela não estiver plenamente consciente do que este ato significa, a Luz que vem do Alto no momento que lhe for tirado o Véu de Ísis, não se manifestará, e ao invés de um verdadeiro Iniciado que triunfou das provas, o que teremos entre nós será uma pessoa comum mais ou menos interessada nos mistérios, mais a titulo de curiosidade do que qualquer outra coisa. Pessoas assim, com o decorrer do tempo na melhor das hipóteses, se afastarão do caminho iniciático, uma vez que a função deste caminho pode não estar de acordo com seus antigos objetivos e ambições, visto que elas não morreram para seus antigos defeitos gerados pelo ego, quando do seu ritual de passagem. No entanto, na pior das hipóteses, o que também poderemos ter que aturar, será uma corja de desinteressados que virão a ordem mais com o intuito de atrapalhar os trabalhos daqueles que verdadeiramente buscam a Luz, ou com o vil objetivo de servir-se dos conhecimentos da Ordem e de sua influencia no mundo Profano, para manifestar os seus mesquinhos objetivos, que muitas vezes poderão estar em total desacordo com as Leis naturais e Universais que regem toda a vida. Pessoas desta natureza, deverão assim que começarem a dar sinais de seus malévolos objetivos, ser instruídas novamente sobre os ideais e objetivos da Ordem, seja ela qual for. Deverão ser lembradas do que juraram quando de sua entrada na instituição e despertadas para os valores espirituais, que são verdadeiramente os que mantem não apenas as Ordens Iniciáticas de pé, mas também todo o planeta Terra, bem como o Universo.

 O Dia da Morte; pintura de William-Adolphe Bouguereau (1825-1905)
Caso essas pessoas, que até então estavam desinteressadas pelo estudo dos mistérios, tenham após a conscientização que lhes foi dada pelos antigos Iniciados o seu Interesse despertado para estas áreas, deverão ser incentivadas, apoiadas e estimuladas ao máximo a progredir dentro da Ordem, através de seus augustos ensinamentos, em direção á Verdadeira Luz. No entanto, se permanecerem rebeldes e dissimuladas em relação á sabedoria e conhecimento, deverão ser convidadas a se retirar da instituição, uma vez que em nossas fileiras, não há lugar para os dissimulados e pobres de espirito questionador. Sabemos que a única maneira de se chegar até a Verdadeira verdade, se dá através do estudo consciente, não fanático; da pesquisa muitas vezes realizada dentro de um verdadeiro e espirito de fraternidade com os nossos irmãos, da liberdade que permite que cada um exponha seus pontos de vista sem ser criticado ou desmerecido em seus pareceres e da igualdade que une todos os buscadores da Luz, não importando os caminhos que cada um siga, pois todos constituem rotas evolutivas, que apesar de parecerem diferentes quanto a ritualística e metodologia de estudo, constituem um só caminho baseado no amor Universal de Deus para com seus filhos.

O verdadeiro Iniciado, não teme a morte, porque tem dentro de si a certeza de que é verdadeiramente imortal enquanto Essência em evolução, sendo o seu corpo físico apenas uma roupa que ele vestiu para desempenhar um papel no teatro da vida. Quando as luzes do palco deste teatro se apagam e o Iniciado tem que sair de cena, ele o faz com extrema tranquilidade, pois sabe que o universo, o está novamente chamando-o de volta ao seu seio onde ele irá se preparar para desempenhar papeis cada vez mais grandiosos nas futuras peças da vida cotidiana, escritas pela mão do grande Arquiteto do Universo.

O ato de aceitar a morte como uma transição necessária para que a vida possa continuar, torna o Iniciado verdadeiramente livre para que ele possa viver uma existência sem medos e valorizá-la ao máximo, porque é justamente desta valorização que dependerá a sua evolução em direção ao Pai nas suas futuras encarnações.

Os símbolos que compõem o
Arcano da Morte ou do Ceifador.


A melhor maneira para entendermos o complexo simbolismo existente dentro do décimo terceiro arcano, é justamente contarmos uma história utilizando suas ricas alegorias.
Nossa vida pode ser comparada a um grande campo de trigo, que temos que cultivar bem todos os dias a fim de que possamos ter resultados proveitosos. E num belo dia, lá estamos nós a cultivar este campo quando  num determinado momento levantamos um pouco o nosso corpo para enxugar o suor de nossos rostos e nos deparamos com uma cena no mínimo curiosa. Ao fixarmos o nosso olhar das espigas, que vão perder-se no horizonte, reparamos que elas começam a cair uma após a outra de maneira ininterrupta, avançando em nossa direção. Aguçando ainda mais a nossa visão para tentarmos compreender o que está acontecendo, vemos claramente o esqueleto da morte, com o seu ceifador, ceifando as espigas de trigo que havíamos plantado até o presente momento. Num tempo não muito longo o esqueleto realiza a sua obra de devastação e passa ao nossa lado rindo e brandindo a sua foice, já de olho nos próximos campos em que ele irá continuar perpetuando o seu eterno ceifar, uma vez que em nossos campos ele não tem mais nada o que cortar, tendo concluído a sua obra. Agora só nos resta interpretar o que significa tudo isto.

Em primeiro lugar, o trigo cultivado representa a nossa própria vida, onde em meio as espigas se escondem tanto influencias benéficas que contribuem para o nosso crescimento como essências em evolução que somos, quanto padrões arcaicos restritivos e negativos de pensamento, que já deveriam há muito tempo ter saído de nossa existência, bem como uma longa lista de fatos, situações e principalmente pessoas indesejáveis, que no decorrer dos anos travaram o nosso entusiasmo, fazendo com que nós nos sentíssemos mortos para a vida. E é justamente com o arcano da Morte que nós temos a oportunidade de colocar um basta em tudo que não nos agrada mais, renascendo para uma nova vida cheia de Luz e Amor; desde que nós realmente permitamos que isso aconteça não impedindo aquilo que deve ser mudado, apenas porque o nosso ego não concorda com isso por estar numa posição muito confortável em sua zona de conforto, enquanto nós estamos nos estrepando dia após dia. Como já foi dito, entre as espigas de trigo, tanto existem coisas negativas que precisam ser alteradas, quanto coisas que o nosso ego encara como positivas, mas que em essência são tão negativas quanto a própria negatividade, trazendo-nos constantemente dor e sofrimento. É chegado o momento da transformação e ninguém deve temer o novo que vira após a mudança, porque seguramente para os puros de coração e pensamentos, a nova fase será muito mais próspera que a antecedente. Basta acreditar e trabalhar!

Diante do campo totalmente devastado pelo ceifador, existem dois tipos de pessoas:

A primeira controlada ainda pelo ego, que ao ver a morte e transformação da zona de conforto na qual norteou a sua vida até então, quando do fim necessário desta fase, sente-se desesperada e até mesmo revoltada contra a vida, contra Deus e os céus, questionando o Pai para que lhe responda o porque da ceifarem aqueles valores arcaicos que já em nada contribuíram para a sua evolução e até mesmo retardavam- lhe o passo.

Diante do campo desnudo esta pessoa chora, grita e se desespera, esperando que lhe venham rapidamente pegar no colo e passar a mão por cima de sua desafortunada cabeça, num interminável e medíocre ciclo de auto- piedade. Ela não entende que nada ocorre por acaso e que o fato de uma fase, relacionamento, emprego ou seja lá o que for ter chegado ao seu termino natural é apenas o prenuncio de uma nova fase tão grandiosa quanto aquela que a antecedeu, desde que a pessoa trabalhe para este fim.

Analisando o segundo tipo de pessoa, vamos encontrar seres humanos maravilhosos que estão em busca da sua verdadeira evolução e não se deixarão apegar por nenhum falso ideal que não esteja em conivência com o seu primordial e grandioso objetivo. Estas pessoas ao final de uma determinada fase de suas vidas, onde muitas vezes tudo lhes pode ter sido tirado de uma hora para outra, encararão esta radical transformação como algo que realmente pode libertá-las de antigos, arcaicos e falsos conceitos existenciais que já cumpriram a sua função, sendo necessária agora a limpeza, que as capacitará a adentrarem num novo estágio da existência. Diante do campo vazio e desnudo, ao invés de choramingarem como a maioria das pessoas, elas agirão como verdadeiras co- criadoras auxiliares do Grande Arquiteto do Universo por entenderem que quando o Pai fecha algumas portas e encerra uma determinada fase da vida de seus filhos é para que eles, numa etapa totalmente nova, se esforcem novamente para semear com mais perfeição o campo da vida para que através deste trabalho cultivem cada vez melhor suas próprias naturezas, porque ele sabe que este é o único meio de fazer com que as suas crianças retornem para a sua casa. Estes cultivadores de si mesmos, lançarão no campo vazio sementes extraídas de seus próprios corações agindo sempre com muita criatividade e um sentimento de profunda gratidão para com o Pai Celestial, uma vez que através do arcano da Morte ele da aos seus filhos a chance de uma nova vida sem ser necessário desencarnar para que isto ocorra.

As sementes que foram lançadas ao solo no devido tempo germinarão novamente fazendo ressurgir o dourado campo de trigo, que representa a própria vida. E novamente após completado o ciclo de inicio, meio e fim necessário, a Morte portando o seu ceifador colocará este campo novamente abaixo, sabendo que será temida e odiada pelos fracos de espirito que ainda não acordaram para o fato de que o universo está sempre em constante mutação, não havendo nenhum valor estável, principalmente dentro do plano material. Para aqueles mais conscientes e que se tornaram assim por seu próprio esforço, ela será muito bem recebida, porque estes sabem que antes de ser uma terrível vilã, a morte representa a libertação do excessivo apego ás ilusões da matéria, que quando não muito bem controladas podem levar o homem ate mesmo á morte derradeira. E agora eu não estou falando em sentido simbólico, e sim nos famosos sete palmos abaixo da Terra, para onde vão não apenas aqueles que já cumpriram aqui as suas funções de modo consciente, mas também os que as deixaram de cumprir por excessivo apego ao mundano... só que os últimos vão bem mais rápido e por vezes de forma não muito agradável, para variar, por suas próprias culpas.

Antes de adentrarmos ao significado do arcano treze, forneceremos agora um significado resumido dos símbolos que compõem está lâmina:

O esqueleto é a estrutura óssea que já serviu de receptáculo para a locomoção de uma vida, mas agora esta completamente vazio, representando o destino de igualdade que nos espera quando serrarmos os olhos. Sendo uma imagem de profunda reflexão demonstra principalmente para os mais vaidosos que o excesso da vaidade é algo estupido e injustificado uma vez que quando for chegada a hora, todos nós sem exceção nos converteremos numa mesma estrutura óssea, independente das posses, títulos e bens materiais que dispusemos em vida.

Na capa esvoaçante do esqueleto nós encontramos vários desenhos do planeta Saturno. Saturno dentro da astrologia é aquele que limita, o que cria obstáculos a serem transpostos a fim de que possamos evoluir através destes bloqueios, muitas vezes penosos, que podem levarmos á beira da morte, para após a transposição renascermos para uma nova vida.    Ligado fortemente ao Karma, Saturno é conhecido em linguagem esotérica como sendo ‘Aquele que habita o Umbral’, indicando que somente aquele que conhecer profundamente a si mesmo e formar fortemente o caráter, poderá tornar-se uma pessoa verdadeira. Só que para o processo de autoconhecimento, é indispensável que se vá morrendo pouco a pouco para os erros e paixões, a fim de que possamos fazer novos progressos dentro da escala evolutiva.

A foice é símbolo da colheita. Dentro do contexto do décimo terceiro arcano, representa a derradeira colheita após uma fase de trabalho. O ceifar daquilo que foi plantado, para que uma nova vida possa renascer no campo que deixado vazio.
Aos pés do esqueleto vemos cabeça e membros de homens e mulheres, que representam reis e rainhas destronados de seu poder que outrora consideravam inabalável, tendo esquecido de que na vida tudo tem o seu começo, meio e fim. Esta cena é uma advertência á todas aquelas pessoas que por estarem numa posição privilegiada gostam de empinar o nariz, esnobando os menos favorecidos e têm a falsa ilusão de que esta fase de bênçãos em suas vidas jamais terminará. Estas pessoas podem ter a certeza de que se possuem algum tipo de poder, seguramente este poder não lhes foi emprestado para que possam utilizá-lo a seu bel prazer fazendo dele o que bem entenderem, inclusive desfeitas e maus-tratos a seus irmãos mais humildes, porque a roda da fortuna gira incessantemente e a única maneira de manter-se em seu topo é procurar levar uma vida justa, digna e honrada,  sem jamais cometer nenhum pensamento, palavra ou ação que cause qualquer tipo de desarmonia para com a sociedade, natureza ou as leis Universais.
A atmosfera fúnebre do arcano serve para colocar o cliente num estágio de profunda reflexão, no sentido de que ele possa realmente se perguntar se a sua vida levada até então tem valido a pena, pois é justamente cercado de emblemas fúnebres, ou quando a morte está mais perto, que a pessoa pensa mais sobre tudo o que fez, está fazendo e poderia ainda fazer.

Significado do 13° Arcano
A Morte ou o Ceifador.
A necessidade de se entregar á vida e permitir que os eventos ocorram naturalmente, sem o excessivo apego á coisa alguma que não sejam os valores internos, sem dúvida alguma é a maior lição do décimo terceiro arcano para o cliente.

Com a sua saída cessa toda uma antiga ordem e inicia-se um processo de fim necessário, através do qual a vida da pessoa possa continuar fluindo. A despeito de quão marcante seja ou possa ter sido a fase em que nos encontremos, a Morte é um aviso de que esta fase atual finalmente está chegando ao seu término, após ter dado tudo aquilo que podia a nível de experiências evolutivas, vitórias e derrotas, alegrias e tristezas, sendo agora necessária para a perpétua continuação da existência a morte natural de uma antiga ordem estabelecida.

Muitas vezes antes da chegada deste arcano em nossas vidas sentimo-nos exauridos e esgotados com a excessiva quantidade de trabalho que muitas vezes estamos desenvolvendo sem obter os resultados satisfatórios, e nos perguntamos o que aconteceu com os nossos projetos que até bem pouco tempo nos davam unicamente lucros e alegria. Por que não conseguimos mais extrair destes projetos todo o potencial que extraímos em passado não tão distante, e sentimo-nos cada dia que passa mais cansados, velhos e estagnados em relação a nossos ideais, como verdadeiros Enforcados do décimo segundo Arcano?


A resposta mais correta para esta questão seguramente não está baseada em auto- culpa, pois não fomos nós que envelhecemos, mas sim os nossos projetos e ideais que se tornaram antigos sem que percebêssemos, sendo necessário agora olhar em rumos diferentes, apelando para a nossa criatividade interior que quando bem trabalhada, mesmo que dez portas tenham sido fechadas, pelo menos uma vinte novas se abrirão ao nosso redor, oferecendo-nos inéditas possibilidades de trabalho, até mesmo em direções que jamais havíamos pensado em seguir.
Muitas vezes a morte também surge em nossa vida como uma verdadeira benção, uma vez que nos livra de limites tornados insustentáveis a fim de que possamos livres, continuar procurando realizar nosso verdadeiro destino. Para entender isso facilmente basta que observemos  o nosso organismo.

Quando estamos com uma dor de dente e não nos tratamos no devido tempo, extraindo ou reparando aquilo que precisa ser reparado, esta dor se torna insuportável e depois de alguns dias, podemos ate cair de cama por não suportarmos a dor, que começara a interferir com o bom andamento de todo o restante do organismo. Neste ponto só nos resta dirigirmo-nos até um bom profissional que esteja apto a realizar a necessária extração ou tratamento. Poderemos então retornar á nossa vida normal completamente aliviados, pois foi ceifada a causa da dor que tanto nos afligia. Este exemplo do dentista, apesar de simples, tem uma total relação com a nossa vida e com o décimo terceiro arcano uma vez que a sua função é a de ceifar padrões estagnados que podem estar provocando dor em alguma área de nossa existência. Por nossa própria teimosia em não querer admitir que tudo tem um fim necessário, eles não foram ceifados há mais tempo. Agora devemos permitir que a libertação aconteça.
São muitas as situações que podem atingir em nossa existência um patamar insustentável, como por exemplo um casamento de interesses, que após um determinado tempo onde não existiu a presença do verdadeiro amor e sim mascaras, através das quais eram mantidos os padrões de conveniência, tornar-se insuportável, não havendo mais nada que possa manter unido o casal. Ai começam as traições, as crises de ciúmes e desconfianças que pouco-a-pouco vão envenenando a vida dos cônjuges, sendo realmente mais terrível ainda a situação daqueles que colocaram filhos no mundo e agora as pobres crianças tem que conviver com os tristes espetáculos proporcionados pelos seus pais, praticamente todos os dias.
Neste tipo de situação a Morte agiria como um balsamo salvador, indicando a necessidade de uma urgente separação amigável onde cada um pudesse seguir o seu rumo, uma vez que qualquer outra tentativa de continuar mantendo este casamento de aparências poderia terminar em consequências mais graves no decorrer dos anos, com irreparáveis prejuízos não somente para marido e mulher, mais principalmente para as crianças da casa, se houver alguma. E a desculpa da não separação por causa dos filhos hoje em dia já é totalmente furada, porque qualquer criança ou adolescentes que após o término da relação entre os seus pais continue sendo criado(a) com carinho e compreensão por ambos, compreenderá quando for adulto que foi melhor para a sua evolução crescer vendo seus pais separados, sem perder a amizade, e prontos sempre que preciso a lhe prestar auxilio, do que juntos mas se degladiando todos os dias, tumultuando não apenas a sua evolução enquanto adolescente, mas também a evolução de suas vidas adultas, enquanto seres humanos em busca de equilíbrio emocional.
Um outro bom exemplo de situação que chegou a seu termino natural é aquele onde vemos um empresário prensado contra a parede por ver os seus negócios já não fluindo tão bem quanto fluíam no passado, mas que infelizmente por um orgulho besta e injustificado insiste em mantê-los no presente até que a firma acabe indo a falência total e ele tenha que se deparar com os credores nos seus pés vinte e quatro horas por dia. Quem sabe se com menos orgulho e mais mente aberta, ele não teria percebido há tempos que os seus negócios já não estavam correndo tão bem e mudado de ramo quando fosse o momento certo salvando não apenas a empresa, mas também a sua dignidade como ser humano?  Alguns empresários donos da verdade diriam que não lhes foi apresentada nenhuma possibilidade de mudança e, por isso mantiveram suas empresas até o derradeiro fim. Mas isto não é verdade pois não bastasse a criatividade que todo o ser humano tem para criar novas situações que lhes tirem do aperto, Deus também quando começa a fechar uma torneira, sempre abre todo um oceano de novas oportunidades para seus filhos, ainda mais quando eles procuram cumprir a sua vontade em todos os seus pensamentos, palavras e ações. Não aceitar este fato é orgulho demais para o meu gosto e falta de humildade para reconhecer que ás vezes não somos tão brilhantes quanto pensávamos ser.


Para irmos finalizando o estudo deste arcano que de tão complexo necessitaria de um livro somente para ele, apresentaremos uma ultima situação entre as varias em que ele pode ser encaixado. Trata-se justamente do término de amizades que por vezes perduraram grande parte de nossas vidas, mas que ‘inexplicavelmente’ terminam de uma hora pra outra sem deixar vestígios. Quando um relacionamento de amizade fraterna com um amigo(a) termina, isto não quer dizer que a pessoa, não goste mas de nós, ou que fizemos alguma coisa errada no decorrer do relacionamento que acabou magoando-a. muitas vezes ocorre uma separação natural entre pessoas que conviveram grande parte de suas vidas entre si e, até mesmo trocaram juras de amizades eterna e confidencias intimas, justamente porque esta amizade já cumpriu o seu papel dentro não apenas da nossa vida mas também na de nosso amigo(a), sendo necessário agora um afastamento natural entre ambos, para que cada qual, de acordo com o seu grau de consciência, possa continuar na senda evolutiva em busca de sabedoria e iluminação. Isto não quer dizer de maneira alguma que nunca mais tornaremos a ver aquela pessoa querida a quem tanto estimávamos ou vice-versa. Quer dizer que é chegado o momento da separação para que ambos possam continuar evoluindo como essências em evolução, um dia chegando a se reencontrar para ficarem unidos eternamente na casa do Pai, servindo seus propósitos em pról daqueles inúmeros que ainda não atingiram a Ascensão. E como diz um velho proverbio americano:

‘Se algo é verdadeiramente teu deixa-o livre, que se porventura algum dia se for, após cumprida a sua missão, a ti naturalmente retornará para não mais partir.’
Como podemos entender perfeitamente depois de tantos ricos exemplos, para que possamos nos harmonizar com o arcano da MORTE quando de sua saída, o fundamental é o controle das emoções, e o não apego a uma realidade material, restritiva e ilusória, que nos impede de ver que a vida é algo muito maior do que pensamos, mas para vive-la com intensidade é preciso dizer sim á morte daquilo que nos limita, a morte das ilusões mundanas, a morte dos nossos medos ancestrais, e principalmente á morte (domínio) do ego, que nos fará viver de acordo com a vontade do nosso verdadeiro Eu, que nada mais é que o Grande Arquiteto do Universo atuando através de nós.

 O Caminho na árvore da vida (cabala).
 REFERÊNCIA DE ESTUDO:
__________________________________
 

Segredos do Eterno. Alexandre José Garzeri
O TarotCabalístico - um manual de filosofia Mística. Robert Wang
IMAGENS E DECKS (fotos)
TAROT DE LEONARDO DA VINCI

THOTH CROWLEY
TAROT NAMUR
MARSELHA
RADIANT RIDER WAITE
BARBARA WALKER
TAROT ANCIENT ITALIAN

THE GOLDEN DAWN TAROT

Um comentário:

  1. Muito interessante o texto, parabéns !!!
    a respeito das imagens, fiquei curioso em relação ao deck da figura que esta ao lado daquela do deck de Arthur Edward Waite (Figura com o cavaleiro). Você poderia me informar?
    grato
    Nery

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