terça-feira, 13 de setembro de 2011

A torre de Babel / A Torre / Arcano 16

As altas torres envelhecidas pelo tempo, onde habitavam os fantasmas do meu ego eu escalei.   

Chegando ao seu topo e contemplando paragens ilusórias e deprimentes formadas pelo mau uso que fiz da minha mente, eu silenciei.

No silêncio de meu coração, aprisionado por enferrujadas correntes onde apenas a esperança dentro do meu ser era algo vivente, o Arquiteto do Universo e dos mundos novamente escutei.

E quando por fim fortalecido pela quebra que mantem fortemente unido, os olhos eu levantei, não temi os raios e explosões ao redor de um corpo que não era mais o meu, pois minha forma fora transcendida.

Neste momento esqueci-me da coroa, velha quinquilharia encardida, e saltando do topo da torre, aspirando a morte do que não mais podia ser mantido ou manter-me, encontrei de novo a vida.

E a cada explosão e fragmentos do meu ego caindo pelo chão, mais forte eu me sentia curado, aliviado e em perfeição Cósmica comunhão com o deus da minha compreensão.

Quando por fim tudo ruiu e a fumaça enegrecida abaixou, contemplei a catástrofe e gargalhei, pois neste momento compreendi de que era verdadeiramente um Rei livre da falsa ilusão, que tinha o mais belo castelo e domínios ancorados em meu coração.

Os símbolos que compõem o Arcano da Torre

O raio que atinge a torre antiga, simboliza a própria fatalidade.

Fatalidade esta, que muitas vezes é criada por nós mesmos através de nossos pensamentos, palavras e ações impensados, na maior parte das vezes de natureza negativa, que depois de um tempo desabam sobre nós tal e qual um relâmpago atingindo um para-raios.

A torre fulminada é a torre do ego que agora esta sendo sacudida em suas próprias bases para mostrar que ninguém é o dono da verdade, e muito menos podemos ter real segurança sobre coisa alguma, uma vez que vivemos num mundo em mutação, onde para haver o progresso é necessária a mudança. Caso contrario a energia contida por muito tempo, quando resolve eclodir por si mesma, arrasa tudo o que estava ao nosso redor, sejam as nossas crenças, relações, propriedades ou tudo aquilo que considerávamos rigidamente como nosso, acreditando que jamais poderíamos perder.

Como podemos reparar, a torre fulminada faz parte de um antigo castelo de forma quadrada. Sabemos que tanto o quadrado, como as formas cubicas, em linguagem esotérica estão associadas ao limite, ás castrações, ao plano material e á uma natureza rigidamente limitada. Isto significa que com este arcano existe a necessidade de romper com aquilo que está velho e desgastado dentro de nós, tal e qual estão velhas e desgastadas as antigas paredes deste castelo de forma quadrada, para que possamos após o rompimento com aquilo que literalmente nos enclausurava impedindo-nos de ser o que realmente somos, vivenciar uma vida mais plena, feliz e abundante. Temos que permitir que isso ocorra, porque muitas vezes o crescimento pode ser antecedido por perdas significativas, e quanto maiores elas são, maior também será o renascimento.

Vemos sendo lançadas do topo da torre duas pessoas, só que uma coroada e outra sem coroa. Isto quer dizer que quando chega o momento da prestação de contas perante a vida, onde somos questionados antes do processo de expurgação de uma energia já estagnada, as forças superiores responsáveis por este processo de amadurecimento através da purificação não querem saber quem é o rei e quem é o vassalo, porque perante a Lei Maior todos são iguais e serão julgados e lapidados pela espada da expiação segundo o que fizeram, com o potencial que lhes foi emprestado pelo Universo para que pudessem progredir. Dai porque temos que tomar muito cuidado com aquilo que pensamos, dizemos e executamos, pois numa determinada hora que desconhecemos, a vida radicalmente alterar-se a ao nosso redor e nossa queda ou elevação, será proporcional aos nossos erros e acertos. Vale a pena lembrar que quanto mais conscientes somos á respeito de nos mesmos, menos podemos errar, porque sabemos o que temos que realizar, não havendo motivos  para não fazermos isso. Meditemos então se realmente vale a pena sermos tão sábios e conhecermos todos os mistérios, pois: ‘A quem muito é dado, muito será cobrado!’ Se te sentes preparado para tornar-te literalmente responsável por ti mesmo, então vai em frente, mas uma vez começado o caminho da autoconscientização real, não há mais volta... Tens que seguir em frente caindo, tropeçando, sendo derrubado, mas derrubado também antigas torres recheadas de falsos conceitos que não condizem mais com o radiante ser que você está se tornando a cada queda, porque também esplendorosa é a sua Ascensão em direção a uma nova vida depois dos tropeços.

O arcano dezesseis tem uma relação interessante com a cura, pois um cirurgia, extração de dente ou tumor, pode ser dolorosa, mas também pensemos no alivio que teremos após estirpado de nosso organismo um agente estranho que lá se instalou. Que beleza! Não é mesmo?

Na vida, tal e qual nas cirurgias de vez  em quando nos deparamos com situações dolorosas mas necessárias, que sempre tem algo a nos ensinar, e quando acabam os difíceis períodos de transição, podemos contemplar finalmente o porque sofremos tanto em algumas áreas e épocas de nossas vidas. Neste momento, se procuramos compreender a utilidade das adversidades, reparamos que por elas, fomos elevados a um patamar mais pleno, abundante e harmonioso. Se no entanto tal e qual crianças mimadas e revoltadas, nos pomos a praguejar com tudo a nossa volta, não apreendemos infelizmente a lição e no futuro maiores ainda serão as nossas perdas, devido a nossa intolerância, falta de paciência e constante necessidade da manutenção do controle, pois nos foi tirado aquilo que em verdade nem era nosso e estava emprestado a nós pelo Universo. Para evitar isso cresçamos, pois não poderemos ficar para sempre em nossas ilusoriamente seguras zonas de conforto... não viemos aqui a passeio e sim a trabalho. Procure se lembrar disso antes de se deitar durante o resto dos dias de sua vida...

Finalizando, seria interessante dizer que este arcano tem felizes e interessantes relações com vários episódios de nossa História, como por exemplo:

- A queda da Atlântida e o assassinato dos Gêmeos Espirituais.

- A Torre de Babel (Bíblia).

- A Revolução Francesa.

-etc...

O leitor estudioso deveria procurar fazer minuciosas pesquisas com relação a estes fatos, pois há muito mais coisas por detrás deles do que julga a nossa vã filosofia. Divirta-se.

 Significado do 16 Arcano- A Torre

A vida de um ser humano, bem como todas as situações que ocorrem durante uma existência, é composta por três fases bem distintas a saber: começo, meio e fim.

Falar sobre o Arcano da Torre para um cliente durante uma consulta é falar sobre o fim, mas dentro de um contexto muitas vezes radical demais, indicando aquelas fases onde a pessoa literalmente vê o que ela considerava como seguramente imutável seja com relação a valores materiais, pessoas as quais estava ligadas, empreendimentos, negócios, etc., indo ‘pelos ares’, ficando o cliente muitas vezes sem um chão para pisar, de tão fortes que são as mudanças promovidas por este arcano.

Numa fase como a que foi citada no paragrafo acima, se o cliente tiver aprendido a ‘Arte de Morrer’, descrita com detalhes no decimo terceiro arcano, conhecido como A Morte, as mudanças por mais radicais que sejam, não serão tão dolorosas, pois o cliente entenderá que para que possam haver novos inicios em sua vida, também são precisos os chamados ‘fins necessários’. Estes fins necessários quando aceitos por nós como algo natural dentro do ciclos pelos quais a vida passa, passam sem que nos sintamos muito afetados, pois já aprendemos a ter uma mente e visão mais despojadas em relação a tudo, lembrando-nos a cada momento de nossa existência de que nada é eterno e para a continuidade natural da existência, desapegos que deixem as situações se diluírem, para mais tarde assumirem novas formas mais esplendorosas que as precedentes, são necessários.

Falando desta maneira até parece  fácil lidar com um arcano de natureza tão radical como o décimo sexto arcano. E até seria fácil se não fosse o apego excessivo, através do qual a maioria das pessoas baseia a sua existência. E se realmente existe uma palavra que não se coaduna com este arcano, seguramente está palavra é apego.

Com a presença deste arcano em jogo, tudo aquilo a que tentamos nos apegar e consideramos como imutável em nossas vidas poderá ser destruído. Coisas que trazemos do passado como posses, valores, pessoas a quem estamos apegados e os mais diversos tipos de situação serão atingidos fortemente em suas bases, oscilando (insegurança) para depois caírem por terra. Nos veremos com um polo móvel num mundo que está em derrocada e nestes momentos a ira, o sentimento doentio de posse e o inconformismo diante dos fatos do destino diante de nós, apenas farão com que mais desgraçada seja a nossa queda, mais traumáticos os nossos rompimentos e mais vultuosas as nossas perdas.

Diante de um quadro tão sombrio, tenebroso e caótico não demorará muito para que comecemos a procurar um culpado que possa ser responsabilizado pelo nosso insucesso. E dependendo do nosso grau de consciência e revolta diante da situação começaremos a culpar a situação do pais e os dirigentes, se o que desabou foi parte de nossa vida material; se o emocional está desmoronando os culpados disso serão esposa(o), namorada(o), que não me compreendem a não me dão amor suficiente, a minha sogra (pois sempre tem que sobrar para ela né?) e assim por diante.

Se os projetos pessoais estão naufragando, logo criaremos uma conspiração em torno de nós, onde até mesmo aquele meigo gatinho que fica tomando leite no pires embaixo da mesa da cozinha, se converterá em um maquiavélico conspirador pronto para nos puxar o tapete, caso viremos as costas.

Como o leitor pode ter percebido no ultimo paragrafo eu fiz questão de colocar situações extremas e ate mesmo ridículas para explicar os nossos fracassos, pois realmente é ridículo e patético tentarmos atribui-los a alguém ou algo mais que não a nós mesmos, únicos dirigentes responsáveis por nossas vidas neste Universo.

Temos que ter cuidado com relação a revolta que surge quando aquilo que era caro para a pessoa é tirado ou perdido, não que esteja errado revoltar-se, mas o problema é como direcionar esta revolta de maneira positiva ou negativa. Pelo modo negativo, quando perco algo posso me tornar deprimido, agressivo, rebelde e desconfiado perante a vida, conseguindo com isso levar uma existência amarga e sem fé no futuro, apenas continuando vivo para cumprir os dias que me faltam, mas completamente desmotivado em relação a tudo e isto é triste... Pelo lado positivo, posso utilizar a minha revolta para por entre os estilhaços do que foi quebrado buscar a matéria-prima da minha obra-de-arte futura, que dependendo de mim poderá ser mais bela intensa e alegre do que a antiga a qual as cores já  estavam gastas e sem vida, sendo realmente necessário ver aquela antiga tela ser partida. Isso é utilizar a minha revolta como força potencial e acima de tudo ter uma visão inteligente e sensata perante a vida, me colocando como o único responsável por aquilo que me acontece e jamais culpando alguém pela cruz que eu mesmo tenho que carregar.

Ninguém disse que o caminho seria fácil e que não haveriam rupturas, desentendimentos, perdas e danos. Mas quando isso ocorre também há a libertação de uma energia que estava contida em uma forma já há muito envelhecida e que necessitava de restruturação. E feliz é aquele que viu a sua torre romper, deixando com ela caírem algumas lagrimas, pois isso também faz parte do show, mas depois convertendo estas lagrimas num alto brado de batalha, iniciando assim um novo ciclo de realizações, confiante em si mesmo e sabendo que Deus sempre olha para os corajosos que a tem a audácia e otimismo necessários para começarem de novo, e através de eliminações necessárias deixa se aproximarem cada vez mais dele através do despojamento e espirito abnegado.

Falando mais praticamente com relação a este arcano, e direcionando-o para duas áreas fundamentais de nossa vida que são a área material e a emocional, vejamos como nos comportar.

Com a saída do decimo sexto arcano com relação a problemas de ordem financeiras, é preciso cuidado com os novos projetos, sendo preferível aguardar a passagem da tempestade e o secar do solo para não se construírem castelos sobre a lama, vendo-os afundarem drasticamente no futuro. É preciso também em relação aos projetos, que vejamos até que ponto eles são realmente importantes para nos agora, e se a sua realização tão almejada, não está apenas ligada a satisfação de vaidades pessoais e desejos que, embora sendo importante serem satisfeitos, necessitariam esperar a hora certa para que pudessem ser iniciados de forma mais benéfica e segura. Lembre-se sempre de que vontades podem ser satisfeitas a qualquer hora porque temos saúde, inteligência e força de vontade para isso. Agora, muitas vezes a vida de uma pessoa começa a desmoronar, porque ela ao invés de estabelecer uma ordem de prioridades em relação ao seu projetos, indo dos mais importantes para os mais simples e banais, faz justamente ao contrario, pois infelizmente o ser humano ainda se deixa seduzir, em primeiro lugar pelo mais bonito, belo, confortável e agradável, deixando o importante resto onde residem realmente os valores primordiais, que tem a ver com a nossa Lenda Pessoal e que valem realmente que se lute por eles, para depois, com isso nunca conseguir realizar nada de grandioso.

Enfocando agora aspectos relativos ás perdas emocionais, sabemos o quanto é triste quando alguém que nos é caro dentro do plano emocional nos abandona. No entanto, não podemos jamais porque isso ocorreu nos fechar as relações futuras como se apenas aquela pessoa que nos deixou, fosse a única que realmente tivesse algo para nos ensinar a nível emocional, não havendo agora mais ninguém. Esta visão é errada e nos priva de vivenciarmos novamente um verdadeiro amor.

Quando alguém por algum motivo rompe laços de natureza emocional para conosco, muitas vezes isto significa que aquilo que a pessoa tinha que nos ensinar e também o que tínhamos que ensinar para ela acabou, como tudo algum dia tem o seu fim. Fim de uma relação, continuidade de uma vida onde depois de um tempo de reclusão e introspecção necessários novamente temos que buscar um novo alguém, nem que este alguém sejamos nós mesmos, agora mais amadurecidos, e começarmos um caso de Amor para com está pessoa desde que ela realmente tenha a ver conosco.

Não tente segurar pelos cabelos alguém que está afastado irremediavelmente da sua vida. Tenha mais dignidade e procure nesta fase de solidão, amar mais a você mesmo, aproveitando para colocar em dia tudo aquilo que você não pode fazer enquanto estava acompanhado(a). nem pense em ficar depressivo(a), mal arrumado(a) e vagando pelas sombras da desilusão tal e qual um vampiro embriagado por uma falsa noção do amor.

Lembre-se sempre que amado(a) será de novo por alguém muito especial, ainda mais se você estiver se preocupando em ser especial para você mesmo(a) vinte e quatro hora por dia. E acredite viu? Está postura de bem com a vida, atrai para o seu circulo social somente pessoas que estejam na mesma sintonia que você.

Aquele que amou, rompeu e sofreu, é porque certamente o verdadeiro Amor jamais compreendeu.

Na realidade nunca rompemos com ninguém uma vez estabelecidos contatos mais íntimos, o que também não quer dizer que a pessoa com quem tivemos estes contatos, ficará para sempre conosco uma vez que muitas vezes, quando um relacionamento dura pouco, saiba que ele durou o tempo necessário para que pudéssemos ter aprendido algo de bom, ensinando justamente por aquele(a) que nos abandonou. Antes do casamento ou mesmo na juventude, procure viver sempre as emoções da maneira mais intensa possível, para que depois de casado, não busque fora de casa, aquilo que não buscou no tempo certo em que ainda podia estar aberto para novas experiências a cada dia. O casamento, na realidade, é um ritual. Depois que uma união é sacramentada dentro de um ritual, é simplesmente lamentável, ver após alguns anos, pessoas casadas e já com filhos buscando prazer em lares e camas alheios. Neste tipo de relacionamento, o amor nunca existiu e até é bom que ele caia por terra o mais rápido possível, principalmente se o casal tem filhos, para que as crianças não cresçam neste ambiente de uma falsa e tranquila ‘fachada’ de harmonia emocional entre os seus pais, o que deixa nos filhos graves sequelas emocionais que apenas no futuro se manifestarão.

A nível emocional procure aceitar o décimo-sexto arcano com extrema tranquilidade e saiba que para certas coisas, como o desejo, a paixão e o amor quando acabam, sempre após um tempo necessário de auto- análise, vem a redescoberta do sentimento  e a alegria de poder amar novamente. Permita que isso aconteça!

Encerrando este arcano, gostaria de dizer que não existem fatalidade endereçadas por engano, ou seja, não é destinada a ninguém uma cruz maior do que possamos suportar. O que nos cumpre é fazer isso com amor, porque sem amor nós estamos perdidos e agradecer por estarmos realizando o sublime ato do sacrifício que nada mais quer dizer do que Sacro-Ofício Sagrado. E quando nos entregamos a esta tarefa e a cumprimos com perfeição, aceitando pagar o preço e permitir que as mudanças aconteçam por mais radicais que elas sejam, temos depois um lugar garantido entre aquele que se distinguem da maior parte da massa e são chamados de : Os Vencedores. 

O Caminho na árvore da vida (cabala).
 REFERÊNCIA DE ESTUDO:
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Segredos do Eterno. Alexandre José Garzeri
O TarotCabalístico - um manual de filosofia Mística. Robert Wang
IMAGENS E DECKS (fotos)
THOTH CROWLEY

TAROT NAMUR
MARSELHA
RADIANT RIDER WAITE
BARBARA WALKER
TAROT ANCIENT ITALIAN


sábado, 10 de setembro de 2011

Estrela Guia / A Estrela / Arcano 17


Cada pessoa inicia a sua busca Espiritual, por um determinado motivo, e numa determinada época de sua vida. Normalmente a busca acontece quando ela começa a sentir que está faltando algo em sua existência e necessita de respostas mais elucidativas com relação a quem ela é, o porque está aqui e para onde deve no futuro concentrar o seu potencial.
Quando falamos em caminho Espiritual hoje em dia é comum as pessoas associarem a segredos por demais velados, objetos sagrados de incríveis poderes, símbolos misteriosos, palavras de poder e alegorias diversas que compõem um vasto sistema intrincado, onde quando se parece estar perto da Verdadeira verdade, sempre surge mais um véu a ser levantado e, após contemplar-se o que existe atrás dele, a busca continua, mas como se tivéssemos novamente no inicio.
Após anos tendo percorrido as mais diversas tendências iniciáticas, tanto orientais como ocidentais, e após ter convivido com dezenas de buscadores sérios, mas também com milhares de curiosos, notei que no inicio da busca raramente as pessoas estão muito seguras do que buscar dentro de uma Escola Iniciática. Principalmente porque dentro de escolas sérias não se comenta nada do que se passa detrás das portas, deixando com que gradativamente o buscador dedicado vá levantando os véus e sendo elevado dentro dos augustos mistérios destas instituições. No inicio, por mais incrível que pareça, o que as pessoas aspiram mesmo é o poder, ou algo para ocupar as suas mentes curiosas, ou algum tipo de conhecimento que depois possa se converter numa atividade rentável no mundo profano, experiências místicas onde elas possam ver e sentir coisas, movimentar objetos, fazer viagens astrais e toda uma longa serie de prodígios que apesar de impressionantes, quando ficamos muito entretidos na sua execução, ainda mais para mostrar para  os outros nossos ‘novos poderes’, nos afastamos radicalmente da busca espiritual séria e verdadeira.
Agora, analisando esses nem um pouco nobres motivos que foram citados no paragrafo acima e, procurando ver realmente o que esta por trás de tudo isso no contexto do Caminho Iniciático, o que podemos dizer com certeza é que na verdade, de inicio as pessoas no fundo, no fundo, adentram as Ordens Iniciáticas porque estão buscando uma só coisa- Felicidade!
É isso mesmo. Felicidade.
No inicio, ninguém está atrás de uma espada, Santo Graal, Arca da Aliança, textos apócrifos, de depurar-se internamente para auxiliar na manifestação da Grande Obra, da Pedra Filosofal, Elixir da Longa  vida ou qualquer outra coisa do tipo. Estes elevados objetivos citados podem até depois de algum tempo, se converter em ideais a serem alcançados pelos verdadeiros buscadores, que permaneceram fortemente fiéis á sua escola ou filosofia de vida. Mas no inicio, até mesmo para que o peregrino místico possa atingir os seus Sagrados e elevados ideais algum dia, ele precisa em primeiro lugar de um bom salario, uma boa companhia a nível emocional, uma mente brilhante e inteligente e muita paz de espirito. Ele precisa de felicidade. Ele precisa estar consigo mesmo, porque é justamente por aí que tudo começa.
E é justamente sobre a felicidade e o bem viver, que trata este arcano, apropriadamente chamado de ‘A Estrela’. Mas o que seria felicidade?
A pergunta acima mencionada, pode ser respondida de varias maneiras de acordo com a cultura, grau de instrução, religiosidade e a maneira pela qual o ser humano foi criado, principalmente no que diz respeito aos primeiros anos de sua vida e adolescência.
Como o leitor já pode ter reparado, praticamente em todos os capítulos deste livro cito sempre quatro planos a saber: o plano material, o plano mental, o plano emocional e o plano espiritual. E não seria justamente dentro de um arcano que fala sobre a busca da felicidade, que eu iria deixar de citá-los, pois apesar destes planos parecerem algo distinto, na realidade constituem uma coisa só, e basta que não estejamos bem em um destes níveis, para que depois de algum tempo comecemos a nos sentir mal, nos níveis que não tinham sido afetados anteriormente. Comentemos agora o que seria a Felicidade separadamente em cada nível.
A Felicidade Material
Felicidade material realmente é algo que pode variar radicalmente de pessoa para pessoa.
Para alguns, ela seria uma bela casinha com varanda e um carrinho na garagem. Quem sabe materialmente seria uma casa já não tão pequena, com dois carros na garagem, quem sabe até um sendo o carro do ano e a possibilidade de viajar de vez em quando para algum lugar. Um terceiro tipo de pessoa já almejaria três a quatro carros na garagem, sendo pelo menos um deles importado, uma casa onde membro da família tivesse o seu quarto particular, jantares e almoços regularmente fora e fora do brasil e não apenas uma vez por ano.
Foram citados apenas três casos para não alongar muito a história, mas existem infinitas possibilidades que poderiam ser descritas. O que  importa dentro dos exemplos citados, desde o mais simples ate o mais sofisticado, é que eles constituem importantes sonhos e ideais das pessoas que os almejam, sendo o dever delas lutar ferozmente por aquilo que as irá deixar felizes a nível material. Nenhum sonho ou objetivo é como dizem os pessimistas nem louco ou tolo demais, que não valha a pena se lutar por ele. Á partir do momento em que começamos a pensar assim e acreditar que realmente podemos chegar ás nossas metas, nós insistimos em bater nas portas muitas vezes asperamente fechadas em nossa cara, elas se abrem e o tesouro  por detrás delas é tão abundante quanto a intensidade da luta que a pessoa travou para alcança-lo, principalmente porque este é um direito natural de cada um de nós, uma vez que somos filhos de Deus, os mesmos poderes de criação do Pai. Dai o porque jamais esmorecermos em nossas batalhas pessoais e lembrarmo-nos sempre de que as maiores alegrias não estarão presentes unicamente na conclusão de nossos objetivos, mas principalmente no decorrer do caminho, ou seja, no decorrer das pequenas batalhas do dia-a-dia que com força e dedicação nos levaram á vitória Final. E triste daquele que sempre obtém tudo de mão beijada- não que isso seja errado, pois também acredito que as benesses materiais advém do merecimento de cada ser humano, até mesmo levando em consideração o como utilizamos bem ou não riqueza em nossas vidas passadas- pois numa roda de amigos tão bem sucedidos quanto ele, não terá heroicas histórias para contar sobre o como foi difícil atingir a sua posição.
Felicidade material pelo menos para mim, e quando uso a expressão ‘pelo menos para mim’ não quero dizer que você tenha que concordar com o que eu digo, é poder entrar num shopping center sabendo que pode comprar e pagar á vista desde o item mais ínfimo que esta a venda, até o artigo mais caro e sofisticado. É dirigir o carro que bem entendemos, seja ele importado ou não, estando o veiculo completamente  assegurado contra todo e qualquer tipo de problemas. Morar onde bem entendemos, podendo escolher quem será a nossa vizinhança, e ter uma casa linda decorada ao nosso  gosto, bastante aconchegante e confortável onde se possa realizar algo que particularmente agrade muito, como o prazer de receber. Viajar de vez em quando (sou meio caseiro), para onde bem entender, apenas tendo o trabalho de escolher o roteiro e preparar as malas. Comer aonde quiser e quantas  vezes por semana der na telha e também ter um tempo disponível para alguma atividade esportiva para perder as gordurinhas acumuladas pelo ‘comer onde e quantas vezes quiser’... Mas acima de tudo, poder através da prosperidade, gerar também prosperidade para todos os que estão ao redor, fazendo com que eles também possam realizar os seus sonhos e atingir seus objetivos, porque não nos custa nada quando temos o suficiente para nós, ajudar um pouquinho os nossos irmãos a chegar aonde eles pretendem, pois de todos os tesouros que possuo, seguramente os que mais brilham em minha memória são os sorrisos de quem já ajudei até hoje, seja através de influência ou poder material. Se tivemos portas abertas por alguém num passado onde não estávamos tão bem, não temos o direito de cortar este benéfico fluxo energético, sendo quase uma obrigação, não resolver totalmente a vida das pessoas, mas pelo menos auxiliá-las um pouco em relação a seus progressos pessoais. Se tens algum tipo de poder ou influência usa-o com sabedoria, discernimento e compaixão em relação á teus menos favorecidos irmãos, para que no futuro aumente cada vez mais o teu poder, tendo para sempre Paz e Alegria em teu coração.
Para finalizar, resta uma pergunta: ‘Como posso atingir esta felicidade, prosperidade e riqueza Material?’
E para esta pergunta, existe também uma única resposta:
através do trabalho consciencioso e dedicado, não importando em que áreas atues’.
É verdade meus amigos! O trabalho é o único meio para atingir as nossas metas e objetivos neste plano terreno. Existem os rituais específicos de poder e prosperidade presentes dentro das tradições mágicas, mas sem o trabalho firme e dedicado, nem pense em realizar um destes rituais, porque o resultado será frustrante, pois nada nos cairá do Céu e tudo aquilo que obtivermos será sempre por nossos próprios méritos, espirito de luta e espirito abnegação diante das nossas tarefas. Uma vez que estivermos trabalhando seriamente e utilizarmos um ritual de prosperidade para auxiliar o desenvolvimento do nosso trabalho, os resultados serão tão esplêndidos e rápidos, que podem até chegar a assustar em alguns casos. Mas antes de tudo trabalho é fundamental e para quem seriamente trabalha e sabe o que quer a nível material é impossível não atingir o sucesso. Não precisa acreditar em mim. Trabalhe utilize os rituais e comprove por si mesmo, que o que estou dizendo é a mais pura verdade.
A Felicidade emocional
Por incrível que pareça, felicidade emocional se resume a muito pouca coisa
Para que possamos numa relação a dois, dentro de um relacionamento familiar, ou em relacionamento com os outros dentro de contextos mais amplos ter a verdadeira união somente é possível quando mesmo as pessoas estando unidas, cada qual mantém a sua individualidade, e não interfere sobre a individualidade dos demais envolvidos na relação, tenha ela a dimensão que tiver.
Felicidade emocional não é apego e ciúme doentio, não é o criticar constantemente, não é apenas querer ser servido e não servir, não é falar e jamais escutar. Não. Felicidade emocional não é nada disso.
A ciência do bem viver emocionalmente, está baseada e carinho, afeto e afeição na medida certa, sem jamais podar a liberdade do ser amado. Está baseada em termos plena consciência de compartilhar tudo como o outro, uma vez que quando decidimos nos unir a alguém, vamos também á partir daquele momento, ter que partilhar o próprio Karma pessoal do ser amado como ele mesmo. É como se a pessoa, nos chamasse para viver uma aventura junto com ela, e pedisse o nosso auxilio para resolver os obstáculos e os problemas que surgirão no decorrer da jornada. Só que á partir do momento em que começamos a compartilhar o Karma pessoal  do outro, ele também começa a compartilhar um pouco do nosso próprio Karma Pessoal, pelo menos durante o tempo que dura a relação. Dai a necessidade de haver uma grande tolerância das pessoas uma para com as outras, sem a qual, fica realmente impossível a convivência pacífica e harmoniosa.
Nem sempre a pessoa que amamos vai estar linda, bonitinha e sorridente como na noite ou no dia em que a conhecemos. Saber tolerá-la tanto nos bons, quanto nos mal momentos, fazendo com que ela sinta-se segura podendo contar conosco sempre que necessitar, jamais priva-la de sua individualidade da mesma maneira que exigiremos radicalmente a preservação da nossa, e ter o mínimo de paciência e ‘semancol’ para saber o que eu não devo fazer jamais para irritar o outro, constitui esta metodologia; a verdadeira chave que abre as portas da felicidade emocional. Todo o resto dentro de uma relação, é apenas detalhe que se ajeita com o tempo de convivência e após ajeitado oferece aos que estão verdadeiramente unidos por algo maior, uma existência plena, abundante, equilibrada e harmoniosa, onde finalmente se compreende o porque de ter sempre, em todos os casos Tolerância (não conivência...) e Paciência para com nossos irmãos, realmente amando-os pelo que eles são e, principalmente pelo que trazem dentro do coração.
A felicidade mental
Houve um tempo em que as pessoas falavam: ‘Diz-me com quem andas e te direi quem és’.
A frase acima ainda tem um real valor, mas hoje em dia não bastaria apenas observar com quem um ser humano anda para dizer algo sobre ele. Precisamos analisar o que ele lê diariamente, assiste na televisão, que tipo de música escuta e com o que procura preencher a sua mente no seu dia-a-dia.
É evidente que se uma pessoa somente lê aquilo que é trivial a todos, sem buscar profundidade naquilo que está lendo; se assiste constantemente programas onde se falam unicamente de problemas da sociedade e que abordam a violência como algo natural. Se escuta musicas por demais agressivas ou mecânicas, não procurando também conhecer outros estilos musicais que diferem do seu. Em pouco tempo a mente dessa pessoa acaba ficando massificada e ela é completamente engolida por uma sociedade tão robotizada quanto seu cérebro sutilmente manipulado pelos meios de comunicação, para só dizer ‘sim’.
Perde-se a criatividade, o espirito de contestação sadia que leva ao crescimento em todas as áreas da vida, a originalidade e com o passar do tempo a própria individualidade, quando por fim acabamos vestindo uma mascara e interpretando um papel que corresponde ao que a sociedade espera de nós, mas que em nada condiz com aquilo que verdadeiramente somos, ou seja, essências Divinas em Evolução.
Lembremo-nos sempre de que toda a Felicidade ou infelicidade começa em nossa mente e, que é nosso dever inspirá-la e alimentá-la com pensamentos sadios, uma boa música de vez em quando e leituras, de preferencia aquelas que após fechado o livro nos deem sempre a necessidade de refletir profundamente sobre o que acabamos de ler. É através da reflexão antes de uma ação que produzimos na sociedade algo verdadeiramente nosso, criado racionalmente por nossa mente, mas divinamente inspirado por nosso coração.
Os únicos responsáveis pela nossa felicidade mental somos nós mesmos, pois temos o livre-arbítrio para decidir o que deixamos entrar em nossas mentes, e o que barramos. Se o programa televisivo é violento ou fútil demais, mude de canal ou desligue o televisor. Desligado o aparelho vá em direção daquela confortável poltrona de sua casa, mas antes escolha algo de bom para ler. Revistas em quadrinhos e aquelas que tratam unicamente de fofocas envolvendo artistas e a alta sociedade, estão descartadas. 
O ideal é buscar um bom livro que o faça meditar e refletir á respeito de você mesmo, ou algo que tenha o poder de literalmente remetê-lo a um outro lugar e época, não importando o gênero de livro que você estará lendo, pois o que importa é deixarmos as palavras nos conduzir para uma outra realidade, pelos menos por algumas horas, libertando-nos dos pesadelos grilhões da vida rotineira. Para completar o ambiente enquanto lê, você pode também se não atrapalhar a sua concentração, colocar bem baixinho de fundo uma musica inspiradora, que o relaxe  e descontraia. Pronto! Está criado um belo ambiente que com certeza o fará chegar á felicidade mental e, consequentemente, á felicidade no dia-a-dia, pois somos, falamos e agimos de acordo com aquilo que pensamos.
A Felicidade Espiritual
Se perguntássemos aos sábios, mestres, adeptos e gurus das mais diversas tendências espiritualistas, ocultas, religiosas, e esotéricas, tanto do ocidente, como no oriente, sobre o que é Felicidade Espiritual, todos responderiam evidentemente de acordo com aquilo que prega a tradição com a qual estão envolvidos, mas nenhum dos membros verdadeiramente sérios destas tradições discordaria de um ponto:
felicidade espiritual é quando estou em harmonia com a Vontade de Deus, seja lá qual for o nome que eu dê para estes Ente Superior, procurando manifestar os seus Sagrados Desígnios em todos os meus pensamentos, palavras e ações, aceitando-me como seu filho e vendo aos meus irmãos com Amor, Carinho e respeito, principalmente por todos nós serem filhos de um único Pai. 
É quando me integro perfeitamente á natureza e ao Cósmico, compreendendo que sou parte de um Grande Todo abundante em perfeição e procuro entender como auxiliar na manutenção perpétua desta sagrada Perfeição.
É quando é feita a vontade Dele através de mim, porque fomos, somos e para sempre seremos um só’.
Diante do que foi dito apresentarei agora uma pequena história ao leitor, que servirá para ilustrar como estar sempre de bem para com a vida e, principalmente para com o Deus de nossos corações e de nossas compreensões:
‘perguntaram a um rabino:
-como se deve servir a Deus?
O rabino contou a seguinte história:
-uma vez trouxeram perante o rei duas pessoas acusadas de um crime. O rei resolveu perdoar uma delas. Mandou esticar uma corda sobre um precipício e disse que aquele que a atravessasse seria salvo. 
 O primeiro homem foi e conseguiu chegar do outro lado. O outro preocupado antes de atravessar a corda gritou-lhe de seu lado.
- como foi  que você conseguiu atravessar?
O que tinha atravessado respondeu:
- sempre que estava caindo para um lado eu me inclinava para o outro para manter o equilíbrio. Servir a Deus, concluiu o rabino, é só isso: é ficar no meio, adaptar-se á corda bamba. Nem se entregar demais aos prazeres, nem renunciar  a tudo. 
Quando sentir que está indo para um desses dois lados, busque o outro e permaneça no meio, onde está o equilíbrio. A Graça Divina não está nos extremos.’
Esta simples, porém profunda história, serve para mostrar-nos o quanto é fácil estar em harmonia com o criador. O problema é que já estamos acostumados desde a infância a reagir de maneira extremista a quase tudo que nos acontece, Raramente pensamos um pouco mais antes de agir. Este lamentável comportamento se deve ao medo que o ser humano tem de perder o controle das situações e sua tremenda insegurança perante a vida e perante as pessoas.
O despojamento, a conduta simples e natural e a busca pelo equilíbrio, seja lá dentro de qual tendência filosófica, religiosa ou iniciática for, nos conduz á felicidade na vida e a união com o Pai, pois libertar-nos dos fantasmas criados por nós mesmos e nos ensina que quanto menos apego e mais entrega em relação a todas as coisas, maior é o nosso poder e força para lidar com as mais adversas situações.
Despojarmo-nos de nossos erros e paixões para manter o Essencial. Possuir  conduta simples e natural para sairmos bem quando estivermos lidando com o complexo e sofisticado. E finalmente buscar o equilíbrio, sabendo que o simples ato de busca-lo jamais fará com que pequemos contra a vontade do Pai. Estas posturas citadas, conduzem-nos a felicidade espiritual e a um melhor aproveitamento da vida em todos os sentidos. 
Experimente-as, vivencie-as e comece um novo ciclo em sua vida.
Você merece!

Os símbolos que compõem o Arcano da Estrela
A jovem nua sentada sobre a pedra é a própria personificação da deusa estelar Nut que espalhava um fundo azul-escuro, á noite, sobre os céus, para que o brilho das estrelas ficasse mais destacado. Esta jovem também é tida como sendo a representante da verdade, da natureza e da Sabedoria, agora completamente desvelados aos franco-buscadores que chegam até este ponto da jornada. Finalizando, alguns estudiosos afirmam ser esta bela jovem o Anjo da Esperança, que quando estivéssemos despojados de tudo, teria a função de derramar sobre os nossos seres para que pudéssemos nos reerguer, o bálsamo da Esperança, fazendo com que através dele, renascêssemos alegres e confiantes no futuro.
As duas ânforas, uma de prata e a outra de ouro, são o símbolo do Aguadeiro, ou signo de Aquário, representando a luz da razão, sem a qual não podemos discernir o real do irreal. É o potencial masculino e o inicio dos trabalhos, sejam lá de que natureza forem, onde teremos que trabalhar no começo sobre uma massa embrutecida e disforme, para que com a nossa aplicação e disciplina possamos leva-la perfeição, ou seja, á conclusão justa e perfeita de nossos objetivos.
Já a ânfora prateada nos remete á necessidade de escutar a nossa natureza lunar e intuitiva de vez em quando, para que guiados por ela, conscientes de quem somos, possamos aplicar nos afazeres de nosso dia-a-dia as leis naturais e universais que regem o todo, pois não será somente através da razão consciente relativa á consciência objetiva que chegaremos através da razão consciente relativa á consciência objetiva que chegaremos a algum lugar. Também para o real progresso dentro das mais diversas áreas da vida temos que escutar a voz da intuição e é justamente isto, que esta ânfora prateada associada á lua e ao potencial feminino representa.
O liquido transparente e cristalino que jorna das ânforas representa que as nossas emoções devem ser sempre transparentes e cristalinas, mas isso só é possível quando não as reprimimos e deixamos que elas floresçam naturalmente tal e qual floresce a natureza ao redor da jovem. Como já foi dito, este liquido também pode ser visto como o bálsamo revigorador que o Anjo da Esperança espalha sobre os nossos dias mais tristes, trazendo-nos de volta a alegria de viver. Este balsamo, possui natureza alquímica e em muitos tarôs o que jorra das ânforas são os elementos fogo e agua, representando as transmutações e combinações alquímicas, através das quais nos libertamos de uma visão unicamente egóica e racional e nos preparamos para viver uma vida mais livre, procurando manifestar aqui na terra a Divina Vontade que flui do plano arquetipal.
A nudez da jovem é santa e representa o despojamento que devemos ter em relação ás futilidades da vida, ás excessivas preocupações e apegos, principalmente no âmbito material (ansiedades), para que possamos mergulhar mais profundamente nas coisas que possuem um real valor e que podem nos levar á plena realização em todos os sentidos. Está nudez é o despir-se de falsos conceitos, falsas ideias e falsas máscaras, para encarar a vida de acordo com aquilo que verdadeiramente somos e não com o que as pessoas gostariam que fôssemos. Pessoas que procedem de acordo com este comportamento, realmente vivem, enquanto as demais presas e dormindo estão, envoltas pela zona de conforto a qual já se acostumaram durante toda a existência, inclusive por ser mais cômodo não ter que se despojar de nada e viver a vida como se todos os dias fossem iguais.
A borboleta pousada no ombro da jovem, é um outro símbolo relativo a Arte Alquímica, representando a transmutação da lagarta na borboleta multicolorida. Representa a transmutação das pessoas comuns que passam a vida inteira dentro de um casulo, em pessoas divinamente inspiradas, multicoloridas e criativas que decidiram se libertar de tudo o que as impedia de serem verdadeiramente elas, tornando-se á partir deste ponto Co- criadores do universo na manifestação da Grande Obra junto com Deus-Pai Todo-Poderoso, o Criador dos Céus e da Terra.
As sete estrelas no topo da Lâmina estão associadas aos sete Selos citados no Apocalipse de São João Apóstolo Capítulos 4 e 8. Realmente a ideia de Anjos Vingadores, Bestas, Trombetas e Julgamento final é um tanto o quanto interessante e até mesmo romântica, mais simbólica. Quando digo isso, não quero dizer que estes elementos citados não existam. Muito pelo contrario! Tudo que esta citado no apocalipse existe e muito mais há entre o Céu e a terra, mas apenas para ‘aqueles que sabem ver’. Só que a maneira pela qual se dará o Apocalipse, não será tão Hollywoodiana quanto a que está citada na Bíblia com todo o jogo de sons, trombetas, vozes do além, relâmpagos e luzes a iluminar o tétrico cenário em que se converteria o planeta terra, caso o apocalipse chegasse a ocorrer.
Os setes selos citados nos capítulos 4 e 8 do Apocalipse de São João, nada mais são do que os sete chackras existentes no corpo etérico do ser humano, responsáveis pela captação do prana (energia vital) que depois é enviado para o nosso organismos físico através dos Nadis. Quando os sete chackras ou centros de energia como se diz aqui no Ocidente são abertos e começaram a ‘girar’ de maneira equilibrada e harmoniosa, uma vez que a palavra chackra quer dizer ‘roda’ e toda roda tem que girar, desde o primeiro chackra localizado na base da coluna vertebral a nível etérico até o sétimo localizado no mesmo plano sutil, sobre a nossa cabeça, realmente passamos por uma violenta transformação. Tão violenta quanto as cenas descritas no Apocalipse, pois agora temos a REAL CONSCIÊNCIA DO TODO e por ela somos julgados para que após o julgamento possamos, completamente puros e libertos de tudo o que não era mais necessário para a nossa evolução, continuar o nosso caminho, só que agora diretamente orientados pelo Pai, sabendo quem somos, de onde viemos e para onde temos que ir após a Revolução.
A estrela maior de oito pontas sobre a jovem, representa Luz, fé e esperança. Esta estrela de brilho radiante também é uma alusão á nossa Luz Interna que á partir do momento que tomamos contato com ela, através de uma postura reta, justa e digna para com a vida e principalmente para com nós mesmos, passa a nos guiar em direção a dias melhores e mais iluminados, onde o importante realmente é viver e unicamente crescer. Podemos dentro  de um aspecto mais esotérico associar a estrela que está rodeada pelas outras sete estrelas menores como sendo a mui respeitada e venerável Estrela Flamejante dos Maçons, com a diferença apenas no número de pontas, uma vez que a Estrela Flamejante Maçônica possui cinco e não oito pontos, apresentando também no seu centro a letra G.
A natureza abundante ao redor do Anjo da Esperança personificado na lâmina pela jovem, simboliza também a importância que devemos dar aos exercícios, caminhadas e atividades em contato com o meio natural, quando tiramos este arcano numa consulta, uma vez que tais praticas fazem com que nós recarreguemos as nossas forças gastas nas variadas atividades que desempenhamos no dia-a-dia. Esta natureza também simboliza fertilidade e abundância em todos os sentidos, desde o mais frugal até o mais espiritual. É a vida brotando em todo o seu esplendor, para o nosso deleite e paz de espirito.
  
Significado do 17° Arcano- A Estrela.
As estrelas, praticamente para todos os povos e tradições presentes no mundo, sempre foram símbolo de Luz, Fé e Esperança. Elas são tidas como guias a iluminar o nosso caminho nos momentos de maior escuridão. Simbolizam também a Luz dos mistérios que resplandece grandiosa nos Sanctus Santorum das mais diversas religiões e tendências iniciáticas.Mas, acima de tudo, elas representam a Felicidade, alegria de viver  e crença numa vida Maior e Luminosa. E é justamente este o espirito que devemos passar para o nosso cliente quando ele retira este arcano numa consulta.
Este é realmente um arcano abençoado e simboliza que tudo vai bem na vida da pessoa que com ele foi premiada durante uma consulta.
Infelizmente muitas vezes mesmo quando este arcano aparece num jogo a pessoa não se sente tão feliz, inspirada e iluminada quanto devia. Isto se deve ao fato de que a maioria dos seres humanos, já está acostumada a acreditar unicamente nas coisas negativas e pequenas. Quando se deparam com a felicidade e com os valores realmente essenciais que conduzem a esta felicidade, elas acham que toda esta boa sorte e excelentes oportunidades, não são para elas e algumas até não se consideram merecedoras de todo este sucesso. E é justamente com estas ideias castradoras, retrógradas e limitadoras que temos que parar, se realmente almejamos algum dia atingir a vida que pedimos para deus.
Sei que muitas vezes, as coisas ficam difíceis no decorrer do curso da existência. Muitas vezes nos sentimos diante de circunstancias drásticas da vida, desamparados, acuados e deprimidos. Diante destas situações é natural e até aceitável que fiquemos tristes e nos sintamos melancólicos, no entanto, até para estes estados de espirito, existe um limite. E o limite, é justamente nos lembrarmos de que, por mais difíceis que sejam as provas que tenhamos que suportar, o Amor de Deus é Maior.
Quando chamamos por este Amor, buscamos por sua orientação e nos curvamos perante o Pai com humildade, respeito e realmente querendo evoluir segundo os seus desígnios. Permitindo que a sua Vontade se manifeste através de nós, começamos a colher os frutos da felicidade em nossa vida e as dificuldades, apesar de continuarem existindo em alguns casos, são compreendidas e trabalhadas dentro de um clima de harmonia, paz e equilíbrio, pois passamos a entender que elas nada mais são do que degraus que temos que subir em direção ao Grande Arquiteto do Universo. Se temos que realizar esta subida, o que nos cumpre é fazer isso com amor, porque sem amor, nós estamos perdidos, e procurar jamais esquecer o lado lúdico da vida levando-a sempre com um verdadeiro espírito de celebração, pois poucos de nós sabem o quanto foi difícil encarnar neste planeta para que pudéssemos continuar com o nosso processo evolutivo.
Talvez por muitos não saberem a dificuldade que é encarnar novamente é que se queixem constantemente da vida, ao passo que deveriam na realidade agradecer cada minuto por estarem aqui encarnados e podendo evoluir, contribuindo com isso para com a evolução de toda a humanidade e de todo o Universo, uma vez que todos nós fazemos parte do Todo.
Esta lâmina ensina ao cliente a importância do despojamento, do sorrir sempre, principalmente enquanto estivermos sob a sua influencia e, do deixar a vida seguir naturalmente o seu rumo, com extrema confiança no futuro, pois este é um arcano de alegria e exaltação da existência em todos os sentidos. Com a sua presença em relação aos nossos projetos nada pode sair errado, a não ser que através da nossa ansiedade e mente negativa bloqueemos o que de melhor o universo reservou para nós nessa fase de vida regida pela Estrela.
Procure viver  cada dia como se realmente ele fosse algo novo, porque na realidade a única coisa velha no mundo são nossas mentes retrógradas, acostumadas a sempre dizer não, até mesmo quando o universo está nos dizendo um grande sim. Liberte-se dos seus medos, ansiedades e depressões e pergunte-se: Por que eu estou vivendo segundos estes Valores, se na verdade sou um Filho de Deus, Justo e Perfeito como o meu pai e com seus mesmos poderes criativos? Por que não viro a mesa e quebro algumas convenções só para variar um pouquinho? Por que simplesmente não sou ‘aquilo que sou’, sem me preocupar em ser o que querem que eu seja?
Liberte-se meu amigo. Liberte-se de seu ego, silenciando a ilusória voz dos limites que existem unicamente porque você os aceita. Passe a ouvir os sons da natureza a vibrar harmonia e esplendor ao seu redor. 
Contemple os seus irmãos, olhando-os nos olhos, procurando sempre sorrir e dizer frases belas, inspiradoras e educadas, que façam com que o outro sinta-se tão bem quanto você se sentiria se ouvisse as mesmas frases. Você pode ser um farol a irradiar constantemente Luz e otimismo ao seu redor, nem que seja apenas para dizer ao mundo que não aceita uma realidade sombria, decadente e disforme que está totalmente contra a vontade de Pai. E pode ter a certeza de que outras pessoas inspiradas pelo teu exemplo, também começarão a se perguntar se é justa a vida limitada e sofrida que vem levando até então. E quando começar este questionamento interno de cada um em relação a si mesmo, buscando depois as pessoas uma melhor qualidade de vida em todos os sentidos, ai sim começará uma verdadeira Nova Era de mentes conscientes, ligadas por um mesmo ideal de Luz e Perfeição.
Atreva-se a ser um dos precursores deste movimento, não se importando com o que os pessimistas e aqueles que possuem mentes limitadas irão dizer de você. Pois mais importantes no futuro, quando não mais estiver aqui, serão as vozes dos muito que tiveram a sua Luz Interna, despertada por você meu amigo.
Seja um estrela luminosa de Otimismo, alegria e crença numa vida cada vez melhor, pois com a retirada deste arcano, nada mais é requerido de você.
O Caminho na árvore da vida (cabala).
REFERÊNCIA DE ESTUDO:
__________________________________  
Segredos do Eterno. Alexandre José Garzeri
O TarotCabalístico - um manual de filosofia Mística. Robert Wang
IMAGENS E DECKS (fotos)
THOTH CROWLEY

TAROT NAMUR
MARSELHA
RADIANT RIDER WAITE
BARBARA WALKER


TAROT SALVADOR DALI

TAROT OSWALD WIRTH


domingo, 4 de setembro de 2011

La Luna / A Lua / Arcano 18

Enquanto o sol nos conduz a uma melhor definição entre uma coisa e outra, a lua remete-nos a uma visão não muito clara das coisas, pois o seu brilho tênue á noite, gera fusão entre as coisas, distâncias e elementos criando por assim dizer, as chamadas ilusões.

Quando a noite cai, emerge o lado emocional dos seres humanos e a necessidade de sair, namorar, falar coisas e ficar com alguém, para que não nos sintamos sós diante da escuridão que paira sobre a vida após o pôr do sol. Sendo a lua o astro de maior brilho durante a noite, e estando ela segundo a Astrologia ligada aos aspectos emocionais, á família e ao lar, temos diante de nós algo que nos fará pensar profundamente á respeito de nossas emoções e de como lidamos com elas em relação a todo o mundo que nos rodeia.

Para se compreender a natureza lunar é nescessário um profundo mergulho dentro de nós mesmos, no sentido de realmente querer descobrir o que se esconde no âmago de nossos seres, mesmo que ás vezes esta viagem nos mostre coisas desagradáveis a nosso respeito.

 E por que esta necessidade de nos depararmos com nossas "trevas" interiores?

Porque quando fizermos isso de maneira adulta e crescida o que restará em nós, será a luz da verdadeira consciência livre de apegos, excessos, carências emocionais e toda uma série de coisas que nos prende á uma realidade externa ilusória, criada por padrões internos limitados inerentes ao ser humano desde o inicio dos tempos. Porque é mais cômodo viver segundo estes padrões do que mergulhar em nossos pântanos internos para procurar a flor-de-Lotus em meio a tanta lama, que até então havia sido evitada.

Para chegarmos até o décimo oitavo arcano passamos por situações complicadas quando tivemos que enfrentar arcanos como o Enforcado, a Morte, o Diabo e a Torre. Estes arcanos nos ensinaram lições á respeito de nós mesmos que nunca tínhamos entrevisto, nem mesmo suspeitado que existissem. Mas não foi o suficiente, pois ainda falta o teste final.

E o teste Final, é depararmo-nos com nossas próprias trevas a nível interior. É encararmos de frente não os nossos inimigos externos, porque isso é relativamente fácil. Mas sim encararmos a nós mesmos, com todas as nossas imperfeições e o nossa lado trevoso que negamos admitir que exista, principalmente porque estamos constantemente nos iludindo com fatores externos, para que não pensemos nele.

Deparar-se com o arcano da Lua, é estar rodeado pelas trevas de nossas próprias ilusões, e ter diante de nós um túnel mais escuro e sombrio ainda, que teremos que percorrer caso queiramos alcançar a Luz do arcano do Sol no fim de nossa passagem pelas trevas. E que este túnel sombrio, verdadeiro mergulho nos profundos oceanos míticos e egóicos de nosso ser, seja bem percorrido, pois não esqueçamos que depois do arcano dezenove- o Sol- ainda passaremos pelo julgamento final da vigésima lâmina intitulada: o Julgamento.

Além do lado voltado para profundas reflexões internas, o arcano da Lua também está associado á intuição, á feminilidade, á maternidade e a um número sem fim de fatores ligados á mulher.

Quando pensamos a nível de ocidente, no que poderia dentro de um contexto mágico representar as mulheres em sua busca pelo autoconhecimento, lembramo-nos sempre da Wicca e seu culto á divindades na maioria das vezes essencialmente femininas. Uma das divindades wiccanianas mais populares e cultuadas pelos adeptos da Antiga religião ou Arte por assim dizer, é a chamada Tríplice Deusa Lua. E, antes de começarmos a descrição do arcano propriamente dito, gostaríamos de brindar aos leitores e principalmente ás leitoras com uma descrição detalhada á respeito desta deusa lunar, verdadeiro ícone de força e poder para as bruxas de ontem, hoje e de todo o sempre.

A Tríplice Deusa Lua

Em muitas partes do mundo, a Deusa original é referida como a Grande Deusa Lua, uma deidade trina e uma. Ela é a grande trindade feminina de Donzela, Mãe e Anciã. E em muitas descrições escritas, assim como nas obras de arte que sobreviveram, vemos essa tríplice natureza- ás vezes retratada com três faces- refletida nas três fases da lua. Também neste caso os primitivos adoradores humanos entenderam que um e o mesmo poder ou mistério agia na mulher e na lua. Como escreveu Joseph Campbell, ‘A observação inicial que deu origem na mente do homem a uma mitologia de um só mistério animando coisas terrenas e celestes foi... a ordem celeste da lua crescente, e a ordem terrena do ventre feminino’.

Assim, não só a Deusa estava refletida nas três fases da Lua, mas os ciclos biológicos de toda mulher também encontraram expressão. Cada mulher podia identificar-se com a Grande Deusa ao identificador sua própria transformação corporal com o crescer e o minguar mensais da Lua.

Os sortilégios e rituais de uma Bruxa são sempre realizados em conjunção com as fases da Lua, e as bruxas alinham seu trabalho mágico com seus próprios ciclos menstruais. Pala observação das três fases lunares e a meditação sobre as tradições da Deusa a elas associadas, descobrimos os poderes e mistérios especiais da Lua e a sabedoria impar que ela nos ensina a cerca da Mãe Divina do Universo.

A donzela. O crescente lunar, virginal e delicado, vai ficando mais forte e mais brilhante noite após noite, parecendo cada vez mais alto no céu, até atingir o plenilúnio. Vimos homens e mulheres de antanho representando esta fase da Lua como uma donzela que vai crescendo e ficando mais forte a cada dia que passa. Ela é a pura e independente caçadora e atleta que, na tradição das deusas mediterrâneas, foi chamada Artemis ou Diana. Quando amadurece e se transforma numa poderosa guerreira, ou Amazona, aprende e defender-se e aos filhos que algum dia nascerão dela.  

Em algumas culturas, essa Deusa livre e independente é a senhora das coisas Selváticas e preside aos rituais de caça. Segura em sua mão a trompa de caça, tirada das vacas e touros que são animais especiais. A trompa tem a forma de uma lua em quatro crescente. Uma de suas mais antigas representações é a estatueta com 21000 anos, descoberta na França e batizada pelo arqueólogos com a vênus de Laussel. Representa uma mulher pintada de ocra vermelha erguendo a trompa de caça num gesto triunfante. O historiador de arte Siegfried Giedion classifica-a como ‘a representação mais vigorosamente esculpida do corpo humano em toda a arte primitiva.’ Joseph Campbell sublinha que, como personagem mítica- isto é, uma imagem de alguém que transcende o meramente humano- ela era tão conhecida que ‘a referência da trompa erguida teria sido... prontamente entendida.’ O que a humanidade da Idade da Pedra facilmente entendeu foi que a mulher com a trompa podia garantir o êxito da caça, visto que, como mulher, ela conhecia os mistérios profundos e os movimentos dos rebanhos selvagens. Ironicamente, a linguagem que nossos historiadores contemporâneos tem usado tradicionalmente para falar dos caçadores da Era Glacial fala de violência, matança e homens. Entretanto como assinala o historiador William Irwin Thompson, ‘cada estátua e pintura que descobrimos proclama que esta humanidade da Era Glacial era uma cultura de arte, amor aos animais, e mulheres’.

A mãe. A lua cheia, quando o céu noturno está inundado de luz, é representada como a Deusa-Mãe, seu ventre inchado de nova vida. Bruxas e magos, em toda parte, sempre consideraram ser esse um tempo de grande poder. É um tempo que nos atrai para lugares sagrados, como as fontes e grutas escondidas que as mulheres neolíticas poderiam ter usado como seus lugares originais para dar a luz. Em seu fascinante estudo The Great Mother, Erich Neumann sugere: ‘O mais antigo recinto sagrado da era primordial era provavelmente aquele onde as mulheres davam á luz.’ Ai, as mulheres podiam recolher-se ao seio da Grande Mãe e, em privacidade e nas proximidades de água fresca e corrente, pariam em segurança e de maneira sagrada. E assim, até os dias de hoje, templos, igrejas, bosques sagrados e santuários têm uma quietude e uma qualidade uterinas que sugerem proteção e segurança em relação ao mundo dos homens, á guerra e ás interrupções. Quando ingressamos nesses lugares de silêncio e calma, muitas vezes como que iluminados pela luz da lua cheia, sentimo-nos nascidos numa vida mais sagrada e mais próximos da fonte de toda a vida.

No aspecto materno do plenilúnio, a Deusa da Caça também se torna a Rainha da Colheita, a Grande Mãe do Milho que derrama a sua Abundância por toda a terra. Os romanos chamavam-na Ceres, de cujo nome derivou a palavra ‘cereal’. É a mesma que a grega Deméter, um nome composto de D, a letra feminina delta, e méter, ou ‘mãe’. Na Ásia, ela era chamada ‘A porta do Misterioso Feminino...a raiz donde brotaram o céu e a Terra.’ Na América, ela era a Donzela do Milho, que trazia o milho para alimentar o povo. Em todas as suas manifestações, ela é a fonte de safras de vegetação que se convertem em nossos alimentos. Quando ela vai embora nos meses de inverno- como Deméter procurando sua Filha Kore no inverno- a terra fica estéril. Quando ela retorna na primavera, tudo reverdece uma vez mais.

Em muitas tradições do Oriente Médio, do Mediterrâneo e da antiga Europa, a Deusa-Mãe dá a luz um filho, um jovem caçador que, a seu tempo, converte-se em seu amante e cônjuge. Embora isso possa soar contraditório e incestuoso a ouvidos modernos, devemos ter em mente que, como ‘tipos míticos’, todas as mulheres são mães para todos os homens e todos os homens são filhos adultos.

De acordo com muitas lendas antigas, o ‘jovem Deus deve morrer’. Neste ponto, verificamos que o antigo mito e os costumes sociais se alinham. Como as mulheres eram vitais para a sobrevivência da tribo, pois só elas podiam partir e alimentar os recém-nascidos, a perigosa tarefa de espreitar, perseguir e matar animais selvagens passou a ser responsabilidade dos homens. Por volta de 7000 antes da era cristã, o filho da Mãe Divina estava razoavelmente bem-estabelecido nas lendas europeias como um Deus Caçador, muitas vezes representado, usando chifres. Havia razões estratégicas e sacramentais para isso. Como ritual, o capacete ornado com chifres homenageava o espirito do animal que ele esperava matar. Nos ritos religiosos que implicavam êxtase, uma pessoa converte-se no Deus ou Deusa que está sendo cultuado vestindo-se, falando e agindo como a deidade. Assim, ao usar os chifres e as galhadas, o caçador tornou-se o caçado em corpo, mente e espírito. Ele assemelhava-se á presa; pensava como a presa; consubstanciava o espirito de sua presa. Pensava-se que a identificação com o animal caçado assegurava uma caçada bem-sucedida.

Estrategicamente, o caçador envergava os próprios chifres e a pele do animal por segurança e para garantir o êxito da jornada. Ocultando suas formas e cheiros humanos, ele podia acercar-se do rebanho ou da manada sem espantar os animais. Os índios americanos vestiam capas de peles de búfalo, completando-as com as cabeças e os chifres, á fim de se aproximarem de um búfalo desde os mais recuados tempos até quase o final do século XIX. Tocaiar e matar um grande animal armado de chifres era perigoso. Muitos caçadores foram escornados ou atropelados até a morte. Em redor das fogueiras tribais, o caçador vitorioso era homenageado e recebia os chifres ou galhadas do animal chacinado para usar como troféu de vitória e expressão de gratidão por parte da tribo, já que ele pusera a sua vida em perigo. Com o tempo, o caçador filho da Grande Deusa Passou a ser preiteado como um Deus Cornífero, e sua disposição para sacrificar a vida pelo bem da comunidade foi celebrada em canções e no ritual.

O caçador encontrou frequentemente a morte nos meses de inverno, a época da caça em que o gelo é espesso e a carne é facilmente visto na natureza, quando o sol fica débil e pálido tudo parece morto ou adormecido, e as longas noites invernais encorajavam os nossos ancestrais da Idade da Pedra a recolher-se á escuridão trépida de suas cavernas. Era a época do gelo e da morte. Joseph Campbel diz-nos em The Way of the Animal Powers que ‘o desaparecimento e reaparecimento anual das aves e dos animais selvagens também deve ter contribuído para esse sentimento de um mistério geral urdido pelo tempo’, um mistério que faz toda as coisas terem seu tempo para morrer e renascer. Uma religião baseada nos ciclos da natureza faria disso uma verdade sagrada. Aqueles que seguiram essa religião puderam celebrar até a estação da morte, por saberem que a ela se seguiria uma estação de renascimento. Se o filho deve morrer, ele renascerá, tal como o sol voltaria na primavera. A terra e a mulher cuidam disso. Esses eram os mistérios da Grande Deusa-Mãe, o Grande ventre da Terra.

Na Grã-Bretanha e na Europa do Noroeste, no Ohio e no Mississipi e em muitas outras partes do globo, as lavouras neolíticas construíram grandes cômoros de terra. Segundo Sjoo e Mor, ‘o formato de colmeia de tantos cômoros de terra e neolíticos era intencional e simbólico. A apicultura era uma metáfora para a agricultura sedentária e para a pacifica abundância da terra nesses tempos. E a abelha era como a lua-cheia, produzindo iluminação á noite.’ No formato dos seis pletóricos da Deusa do Leite, no formato da colmeia governada pela grande abelha Rainha, os cômoros da terra eram frutos do esforço humano para inchar a superfície do solo de modo a assemelhar-se as colinas e montanhas que eram cultuadas como os seios e o ventre sagrados da Deusa. A metáfora da colmeia recorda as histórias de ‘terras onde correm o leite e o mel’ –o leite das mães, o mel dourado da Rainha... Da África e da Trácia chegam lendas de mulheres guerreiras que se alimentam de mel e leite de égua. Seja qual for a forma como o encontramos, todo nutrimento promana da Deusa da Terra e da Lua, e todas as mães são fortes por causa do poder que seus corpos encerram.

Quando traço um circulo mágico sob a lua-cheia, eu puxo seu poder para baixo e para dentro do cálice de cristalina água da fonte que seguro em minhas mãos. Quando pouso meu olhar no cálice, vejo meu próprio rosto no reflexo prateado da lua. Então, no momento certo, mergulho minha adaga ritual no cálice, fendendo a água, despedaçando a imagem da lua em muitos fragmentos menores, como estilhas de cristal. Lentamente deliciosamente, bebo o poder e a energia da lua. Sinto-a deslizar pela minha garganta, até retinir e formigar por meu corpo todo. A Deusa está então dentro de mim. Eu engoli a lua.

Quando as bruxas colocam seus pés e mãos num tanque, lago ou qualquer poça de água sob a lua cheia, elas sorvem o poder refletido da lua através dos dedos das mãos e dos pés. Atraímos sua energia para os nossos corpos quando nadamos ao luar. Os antigos rituais exigiam o cozimento de poções sob uma lua cheia, para que a própria lua da Deusa pudesse ser mexida na infusão. Mesmo dentro de casa, nos frios invernos da nova Inglaterra, reunindo-se em meu living em torno da lareira, o meu grupo de bruxas traz o formato de lua cheia para a nossa presença ao dispor-se num circulo. Ou uma única vela refletida no cálice ajuda-nos a imaginar a lua, projetando um fulgor mágico em que as coisas invisíveis ou ocultas podem ser vistas.

A Anciã. Em algum ponto da vida de toda mulher o ciclo menstrual cessa. Ela deixa de sangrar com a lua. Passa a receber seu sangue para sempre, ou assim deve ter parecido aos nossos ancestrais. Conserva seu poder e, portanto, é agora poderosa. É a sábia anciã. Como a Lua em quatro minguante, seu corpo encolhe, sua energia declina e, finalmente, ela desaparece na noite escura da morte, o corpo é devolvido á terra e, um dado momento, ela renascerá viçosa e virginal como a lua nova em sua primeira noite visível, suspensa no céu ocidental no pôr-do-sol.

A Deusa Grega Hécate, Deusa da Noite, da morte e das Encruzilhadas, encarnou essa Anciã. Seu governo durante a ausência da lua tornou a noite excepcionalmente tenebrosa. Os assustados renderam-lhe preito durante essas três noites, buscando seu favor e proteção. Onde quer  que três estradas se cruzassem, Hécate podia ser encontrada, pois ai a vida e a morte passavam uma pele outra, segundo se acreditava. Ainda hoje as bruxas deixarão bolos nas encruzilhadas ou nos bosques á sombra da lua para homenageá-la.

Dizia-se que, a morte, Hécate reunia-se ás almas dos defuntos e as conduzia ao mundo subterrâneo.* No Egito a Deusa das parteiras, visto que o poder que leva as almas para a morte é o mesmo poder que as puxa para a vida. E assim Hécate passou a ser conhecida como a Rainha das bruxas da Idade Média, pois as anciãs versadas nos costumes e procedimentos de Hécate eram as parteiras. Graças aos muitos anos de experiência, elas adquiriram os conhecimentos práticos que as habilitavam não só a ajudar nos partos, mas também na obtenção dos insights espirituais que pudessem explicar o mistério do nascimento.

E assim, do nascimento á puberdade, á maternidade, á velhice e a morte, o eterno retorno da vida é intimamente inseparável de toda mulher, não importa em que fase de sua vida ela se encontre no momento. O eterno retorno da vida é visto e sentido em todas as estações da Terra. E não existe fase ou ponto na roda que seja esquecido ou menosprezado nas celebrações anuais de uma Bruxa.

Assim novos ancestrais se maravilharam, se indagaram e renderam culto. Assim compreenderam seu lugar nos grandes mistérios da criação  e descobriram um significado para suas vidas. E assim as Bruxas continuam hoje os antigos costumes e a fazer da vida algo sacrossanto.

Extraído do livro ‘O Poder da Bruxa’ da escritora Laurie Cabot que é uma autêntica Bruxa da cidade de Salem, Massachussets USA.

 Os símbolos que compõem o arcano da lua

A lua paira sobre um campo ermo, árido e desértico, e no seu ato de iluminá-lo forma trevas, blumas e névoas, que representam as próprias ilusões que criamos á respeito de nós mesmos, á respeito da sociedade que vive em torno de nós e a respeito de quase tudo o que nos rodeia. Porque é natural do ser humano perante suas trevas interiores ou situações complicadas exteriores criar ilusões que o auxiliem a lidar de maneira menos traumática com os seus obstáculos e obstruções do dia-a-dia.

Esta mesma lua que ilumina os campos desérticos representa também, dentro da mitologia grega, a deusa Hécate soberana dos ritos mágicos e da magia, senhora das trevas, mortes, renascimentos e do destino. O encontro com Hécate é o encontro com o próprio inconsciente. Um profundo mergulho nas águas do inconsciente coletivo onde estão os grandes mitos e símbolos religiosos, a imaginação e a busca do ser humano pela individualidade que constitui uma pequena parte dentro deste mundo caótico e subjetivo, onde tudo parece ser uma coisa só, mas sem no entanto representar esta coisa única, a Divindade, uma vez que este é um mundo ilusório onde nada é o que parece ser.

Ego, individualidade e sentido de direção não mais existem no mundo da lua, estando diluídos, fazendo com que nos sintamos submersos nas águas do inconsciente á espera da manifestação de novos potenciais ainda em gestação, representando estes potenciais o futuro em que basearemos as nossas vidas. As águas turvas do inconsciente coletivo possuem uma realidade dúbia que contém em si ao mesmo tempo o nosso lado mais positivo, e também o mais negativo e, justamente por ambos fazerem parte de um único contexto dentro deste arcano, podemos ter ao mesmo tempo loucura e alucinação por falta de maior discernimento no uso de nossos potenciais.

Apesar da lua representar também maternidade e gestação de uma nova vida, antes do nascimento é necessário o cessar de medos, ansiedades e depressões oriundas daquilo que temos guardado e mal- resolvido dentro de nós a nível inconsciente. Nós deparamos neste arcano com nossas trevas interiores mais amedrontadoras e ficamos cara-a-cara com nossos medos e incertezas, para que possamos resolvê-los, pois a passagem corajosa determinada e consciente pelas trevas a fim de que realmente possamos saber quem somos, terá como recompensa a Luz Maior do Sol que será o próximo arcano a ser estudado. A negação do confronto com o nosso lado sombrio de maneira adulta e consciente somente acrescentará em nosso futuro mais problemas, uma vez que não podemos fugir eternamente de nós mesmos quando chega o momento da resolução.

As duas imponentes torres, tendo a lua a brilhar por entre elas e um caminho protegido por feras, representam a falsa segurança, que não pressente os perigos desconhecidos mais temíveis que aqueles que conhecemos. Estas torres formam uma espécie de portal que necessita ser transposto, embora isso não possa ser feito sem um certo risco de sermos devorados pelo lobo e pelo cão que velam a passagem por este portal como verdadeiras sentinelas. Esta imagem é uma alusão aos ‘ritos de passagem’ presentes em todas as tradições, culturas e povos espalhados pelo planeta Terra. Os ritos de passagem, principalmente aqueles que passamos para que possamos ser aceitos dentro de nossa sociedade, representam fases de inquietude onde paira sobre nós uma grande ansiedade, pois não sabemos se vamos ser aceitos ou não e nem se conseguiremos abandonar as antigas formas em que havíamos baseado a nossa vida e já estabelecido através das mesmas, uma certa zona-de-conforto. Um bom exemplo para o que estamos falando são os ritos de maioridade judaica, onde o jovem com treze anos é já considerado como um ser responsável por ele mesmo; as festas de debutantes das moças de quinze anos, onde as donzelas são apresentadas para a sociedade; os ritos de passagem de jovens das diversas tribos indígenas espalhadas pelo mundo; a saída do adolescente do ginásio e o seu ingresso no colegial e posteriormente na faculdade onde através dos "trotes' ele é aceito pelos veteranos dentro de uma nova sociedade e fase em sua vida e, por fim a primeira experiência sexual de um(a) jovem que realmente constitui um sério marco na vida da pessoa.

Todos os exemplos citados acima, constituem ritos de passagem por entre duas torres de ilusória segurança, pois nestes momentos de nossas vidas a única coisa que temos é uma vontade de crescer e sobressair perante um determinado contexto, embora não tenhamos muita a certeza de como fazer isso. É a entrega ao próprio destino com muita fé pessoal para que, após transposto o obstáculos, realmente percebamos que na realidade ele nem era tão grande assim e teve o seu tamanho e importância consideravelmente aumentado, por aquilo que ilusoriamente acreditávamos que ‘iria acontecer’ sem no entanto termos certeza de coisa alguma.

Ritos de passagem não se referem apenas á fase de adolescência, mas também manifestam-se muitas vezes do decorrer de uma existência, quando realmente nos sentimos perdidos e sem nenhum ponto de apoio, completamente amedrontados por nossas feras interiores. Nestes momentos de decisão em que normalmente encontramo-nos sobre pressão, surgem lampejos, insights e intuições oriundas do nosso inconsciente a guiar-nos por um bom caminho, para que cheguemos em segurança a uma nova fase em nossas vidas. Estes lampejos, insights e intuições são de natureza inconsciente, portanto lunar. Meditai...

Podemos notar que entre as duas colunas existem três animais a saber: o cão, o lobo e o escorpião. Em alguns Tarôs ao invés de um lobo e um cão estão entre as torres dois chacais e no pequeno lago de águas turvas ao invés do escorpião o que encontramos é um caranguejo. Passemos agora á análise destes animais, em primeiro lugar dentro de uma visão mais popular muito comum aqueles que associam o arcano dezoito aos chamados ‘inimigos ocultos’.

O cão é visto como representante daquele tipo de pessoa falsa e traiçoeira que pela frente nos cobre de elogios, mas por trás tece comentários no mínimo desagradáveis á nosso respeito. É o típico falso amigo, existente em todos os tipos de sociedade da raça humana.

O lobo representa aquela pessoa bruta, e muitas vezes de espirito ignorante, que já não vai com a nossa cara logo de inicio e nos diz francamente que não gosta de nós. Neste aspecto o lobo é bem mais digno que o cão, que esconde suas traições sob vis adulações.

O caranguejo é o tipo de pessoa que quando nos encontramos lá embaixo por causa de problemas e aflições relativas á vida cotidiana, vai lá e pisa mais ainda sobre os nossos corpos já em muito dilacerados pelas atribulações do dia-a-dia.

Passando agora á uma análise já não tão popular dos animais, teríamos o seguinte quadro:

Os dois chacais estariam associados á Anúbis, deus egípcio da Justiça, a observar atentamente a passagem por entre as torres, para poderem checar os méritos de uma pessoa antes que ela mergulhe na experiência de encarar as suas trevas interiores das quais as externas são apenas um reflexo. Também estes chacais que representam juízes, simbolizariam o julgamento a que somos expostos após nos confrontarmos com o nosso lado mais sombrio e escuro e trabalharmos com ele á fim de que possamos nos depurar. Após a depuração o que ocorre é um julgamento onde somos analisados com o objetivo de saber até onde evoluímos e o quanto ainda nos falta evoluir.

O escorpião representa a necessidade de, tal como os nativos deste signo, buscarmos as profundas verdades por detrás deste mundo superficial e ilusório em que vivemos mergulhados praticamente vinte e quatro horas por dia. É o mergulho nas águas turvas, confusas e complexas de um sistema, de uma sociedade e inerentes ao próprio ser humano, para que possamos realmente descobrir o que existe por detrás da vida em todos os seus contextos. Porque: ‘Quem sou eu?’, ‘o que significam as coisas que ocorrem ao meu redor? ‘; Serão meras coincidências, ou já existirá um plano predeterminado traçado por nós antes mesmo do encarnar, e que agora precisa ser cumprido?’

Estas perguntas só são respondidas quando aceitamos dar o mergulho. O salto em direção ás trevas turvas de nosso oceano inconsciente, para recuperarmos nossa identidade como Essências Divinas em evolução há muito perdidas por causa da nossa necessidade há muito perdidas por causa da nossa necessidade de constante auto- ilusão, para que não vejamos profundamente o que se esconde em nosso coração.

As águas turvas representam nossas incertezas, inseguranças e emoções mal resolvidas, mas também elas tem associação com uma espécie de útero de onde renascerá um novo ser, para uma nova vida mais plena e abundante. Quando finalmente o sol raiar no céu anunciando o fim da noite em nossas vidas e começo de novos dias, após a confrontação com as trevas da dúvida que ativaram em nós a necessidade de buscar a nível interno e não mais externo um ponto de apoio verdadeiro baseado no que francamente acreditamos, por que sabemos que é real. E tudo aquilo que realmente sabemos a nível de certezas internas é porque verdadeiramente sentimos com o nosso coração. E o que sentimos com o nosso coração, transcende a necessidade de explicação racional, porque aí se encontra o momento do milagre em nossas vidas, aí está o mistério. A luz boa que nos faz voltar a crer que a vida pode ser diferente e melhor, porque confrontamos nossos demônios internos e agora acalentar- nos vêm os anjos do Senhor, nossa Consciência ou seja lá que Nome queiramos dar a esta ‘Força Superior’. Agora sim, acalentados merecemos ser e amparados pela Divina Misericórdia da Providência, porque quando chegaram as trevas da Lua e a noite se fez presente em nossas vidas, raiamos nosso Sol Interno e atravessamos o ‘vale da morte’ (o portal formado pelas duas torres), sabendo que o Senhor (Força superior que nos guia quando nos desfazemos de nossas ilusões), verdadeiramente era o nosso pastor e nada nos faltaria...

 Significado do 18° Arcano- A Lua

Com este arcano de natureza lunar, o que temos em nossas vidas é um período de incertezas e flutuações rumo ao não palpável em várias áreas de nossas existência. Não existe mais o ego porque ele foi diluído, e agora nos sentimos perdidos, drenados e meio que sem vontade própria para tomar decisões perante as questões do nosso dia-a-dia, desde as mais triviais até as mais complexas. Nos sentimos exauridos, cansados e desanimados, sem ter a certeza do que realmente queremos, ou vivemos uma vida de falso querer orientado pelo nosso lado mais egóico e irracional, não vendo que com isso vamos cada vez mais nos afogando nas escuras águas de nossas próprias ilusões.

Não é rara, com a presença deste arcano num jogo, a sensação de perseguição do cliente em relação á sociedade e pessoas que o cercam, achando ele que todos estão a conspirar contra o seu sucesso e contra a vida plenamente tranquila e feliz que tanto almeja. O cliente sente-se bloqueado e confuso, e neste momento de noite em sua existência, por não entender que fases assim de menos progresso externo para que se faça uma auto- análise interna são necessárias, ele começa a criar em torno de si idéias fantasiosas onde ‘alguém fez um trabalho para ele’, ‘sua vida não deslancha por que lhe botaram olho-gordo’ e tantas outras baboseiras que nem vale a pena citar. A crença de que alguém possuiria um poder para nos fazer mal é fruto da ignorância do ser humano á respeito de seus ilimitados potenciais a nível interior, através dos quais bem compreendidos e harmonizados, não há ‘trabalho’ que o possa atingir. O melhor remédio para olho-gordo é um ‘colírio dietético’ e parar de acreditar que sobre a terra caminha alguém que possa fazer mal ou bloquear a sua vida, pois este ‘demoníaco ser’ não existe nem sobre a terra e muito menos ‘além dela’...

Eu gostaria de saber, quando as pessoas vão começar a acreditar e aceitar o fato de que: 'Nós somos os únicos responsáveis por tudo aquilo que nos acontece sendo a nossa vontade a única força diretriz causal que move e orienta as nossas vidas'. Quando os seres humanos vão começar a acreditar e trabalhar com este fato, e parar de atribuir os seus insucessos a alguma ‘força estranha, praga ou demônio,’ que não os nossos próprios demônios internos criados, mimados e alimentados por nós mesmos, quando ao invés de buscar uma real evolução e sentido real das coisas nos perdemos em ridículos joguinhos visando a satisfação do ego, por desconhecermos completamente que o que verdadeiramente vale, apita e conduz o jogo da vida é a vontade da nossa Essência Interna, parte de Deus viva e pulsante dentro de nós? Quando?

Muitos leitores diriam que a nossa existência não é controlada unicamente por nossa vontade, mas também pela vontade de Deus. E neste momento eu pergunto a estes leitores o que somos nós, se não o próprio Deus?

É verdade que somos deuses imperfeitos ainda com muito a evoluir, mas dentro de cada um de nós, existe uma Centelha Divina que nada mais é do que o próprio Deus presente em nós, tornando-nos deuses cocriadores da sua obra. Mesmo que a vontade de Deus interfira em nossas vidas, temos sempre que lembrar que se é a vontade Deus que está influindo em minha existência, então eu posso ficar tranquilo porque eu também sou deus, como o leitor também o é e, como todos os nossos irmãos no planeta Terra também o são. A aceitação deste simples fato já nos liberta de um monte de falsas ideias depressivas, pessimistas e negativas que nos colocam sempre como pobre-coitados á merece de algo maior, que analisado friamente nada mais é do que um estágio bilhões de vezes mais evoluído que nós mesmos. Mas continuamos nós mesmo sendo ‘este algo maior’. Este fato é incontestável!

Com a retirada do arcano da Lua em uma consulta é como se nos encontrássemos num período de gestação onde a única certeza que temos é que não temos certeza de coisa alguma. Nesta fase são improváveis muitos resultados positivos em todas as áreas de nossas vidas, porque o momento não é de resultados e sim de parada geral em nossas atividades para que possamos analisar até melhor esclarecer o que fizemos, porque realmente amamos e, o que fazemos contra a nossa vontade, iludindo-nos de que aquela tarefa realmente é boa para nós quando não o é.

Seria um momento de frieza cotidiana, onde não devemos contar com o apoio de pessoas para resolver os nossos problemas, e devemos buscar  mais a solidão e introspecção em nossas casas, nas relações de amizade mais íntima ou, se tivermos a oportunidade de viajar para um lugar bem afastado e de preferência onde ninguém nos conheça, para que possamos repensar alguns pontos de nossa vida enquanto esperamos este inverno passar, para no devido tempo nascermos novamente e caminharmos em direção á uma nova luz.

O arcano da lua não é um arcano negativo pois como já foi dito não existem arcanos negativos, e quando algo de negativo ocorre na vida da pessoa quase sempre é porque ela está deixando de fazer alguma coisa que deveria, ou porque está em desarmonia com as Leis naturais e universais que regem o ser humano, a vida e o todo.

Diante da Lua nos vemos envoltos pela noite e da mesma maneira que ao cair do sol as pessoas se recolhem em seus lares, ou tratam de assuntos de uma natureza mais emocional, nós também devemos buscar o recolhimento na fase de vida regida por este arcano lunar e também devemos realizar uma profunda e útil auto- análise para que vejamos atualmente qual é o nosso quadro emocional, uma vez que se este lado do nosso ser não caminha bem, dificilmente qualquer outro aspecto de nossa vida caminhará.

Mergulhados em meio a incertezas e indecisões e não sabendo em quem confiar, só nos resta apreender com este período que precede o nascimento e usar como bússola guia em nossas vidas o silêncio, a prudência, e a intuição recolhendo-nos á Paz dentro do nosso Coração. Para que no devido tempo, depois de passado e inverno lunar em nossas existências, possamos desfrutar de uma nova, radiante e mais abundante vida que com certeza chegará com a primavera já anunciando um renascimento com muita Luz, antevendo um luminoso verão para aquele que se deixou iluminar pelo Sol Interno da Verdadeira Razão.
O Caminho na árvore da vida (cabala).
 REFERÊNCIA DE ESTUDO:

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Segredos do Eterno. Alexandre José Garzeri
O TarotCabalístico - um manual de filosofia Mística. Robert Wang
IMAGENS E DECKS (fotos) THOTH CROWLEY
MARSELHA
RADIANT RIDER WAITE
BARBARA WALKER

TAROT NAMUR
TAROT ANTICHI BOLOGNESI

TAROT ANCIENT ITALIAN


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