sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Os Enamorados / Arcano 6


Ser ou não ser? Eis a questão!
O sexto arcano conhecido mais tradicionalmente pelo nome de o Enamorado, mas também aceito pelo nome de os Amantes, representa a dualidade e também a luta entre a consciência e as paixões. É o termos de unir os aspectos opostos, que muitas vezes se encontram dentro de nosso próprio ser. Antes de adentrarmos mais enfaticamente no arcano, vamos utilizar um outro Oráculo tão respeitado quanto o Tarot – o Oráculo das Runas.
As Runas na realidade são signos alfabéticos que datam aproximadamente do século dois d.C.. Entre os vários significados da palavra Runa, temos que ela significa sussurro, e por derivação do termo, coisa secreta ou misteriosa. A palavra Runa também significa alfabeto, e qualquer sistema que servisse para que os antigos povos que habitavam a Europa pudessem escrever, era chamado de Runa.
As Runa possuem várias aplicações a nível esotérico, além de serem também um poderoso Oráculo para todos aqueles que estejam buscando o autoconhecimento. Elas podem ser utilizadas como talismãs; podemos exercitar o nosso corpo  e captar energia direto da natureza (como faziam os antigos druidas) através de posturas rúnicas e entoar mantram (sons) específicos de cada runa, que nos garantem um melhor equilíbrio físico, mental, emocional e espiritual. No entanto deixemos estas coisas maravilhosas para um outro livro mais específico sobre as Runas, - o qual deverei estar escrevendo brevemente ! – e nos preocupemos agora em apanhar a Runa de Raido, também vamos falar um pouco sobre a Runa de Gebo, que nos fala sobre o que é a verdadeira união e como ela deve se manifestar em nossas vidas. Quando se consulta as Runas, queremos sabe qual o melhor caminho a seguir, de modo que possamos agir sempre da melhor maneira possível. Prestemos então bastante atenção a Raido e Gebo, pois elas são de grandes valia na interpretação do sexto arcano do taro:
Raido- R
Esta Runa diz respeito á comunicação, á sintonia de algo que possua dois lados, dois elementos, e também á reunião definitiva que ocorre no final da viagem, quando o que está acima e o que está abaixo ficam unidos e com uma só mente.
O mérito interior se instala aqui e, neste momento, você precisa recordar que não foi destinado a confiar unicamente nos próprios poderes, mas antes a querer saber o que constitui a ação correta. Procure descobrir isto através da prece, dirigindo-se ao seu conhecimento pessoal, ao Eu Testificante, O Professor interior. Não se ponha em movimento, mostre-se contente em esperar; enquanto espera, mantenha-se removendo resistências. Á medida em que as obstruções forem desaparecendo, desaparece todo compadecimento oriundo da ‘’tentativa de fazer com que aconteça’’.
A viagem é em direção á cura pessoal, á automodificação e união. Aqui, você se preocupa com nada menos do que a união perfeita e desobstruída. Entretanto, a união do Céu e da Terra não pode ser forçada. Regule todo e qualquer excesso em sua vida. As vantagens materiais não devem pesar demasiadamente nesta jornada do eu para EU. Inclusive, mantenha-se distanciado de outros com opinião idêntica; a noção de força em números não é válida neste momento, porque esta parte da jornada não pode ser partilhada.
Raido é mais uma runa do ciclo de autotransformação e representa a viagem da alma, possuindo dentro de si o elemento de alegria, porque o final está á vista. Não mais sobrecarregado pelo que deixou para trás, tem o Céu acima e a Terra abaixo, unidos dentro de você para ampará-lo em sua caminhada.
Uma prece singela para a jornada da alma é:
Eu quero querer a tua vontade!
Gebo- X
A retirada de Gebo em um jogo indica que de alguma forma, uma associação está ao alcance do consulente. Entretanto é importante não sucumbir á esta união. A verdadeira associação é alcançada apenas por seres separados e inteiros, que retenham sua unicidade, mesmo estando unidos. Lembre-se de dar um espaço para que os ventos do céu dancem entre você e as pessoas a quem ama.
Existe outro domínio da Associação para o qual somos chamados a considerar. Isto porque o caminho da Associação pode conduzí-lo á realização de uma união ainda maior – a união com o Eu Superior, a união com o Divino. A dádiva definitiva desta runa é a percepção do Divino em todas as coisas: Deus sempre entra em associações igualitárias.
Gebo a runa da Associação não tem posição invertida: ela significa a dádiva da liberdade, da qual fluem  todas as demais dádivas.
Como pudemos notar, as runas de Raido e Gebo falam sobre á união. Raido se refere a uma união mais interna; uma união com nós mesmos, que visa principalmente uma espécie de encontro com o nosso ‘’mestre interior’’. Quando esta conexão interna é realizada, estamos prontos para vivenciar a união proposta por Gebo, que seria uma união mais externa – a união com outras pessoas. Agora é bom lembrar que o sucesso em qualquer tipo de associação, depende muito realmente de como estamos de nós para conosco, pois sem um perfeito equilíbrio entre o nosso Eu interior com o Eu exterior, fica simplesmente impossível nos relacionarmos de maneira harmoniosa com quem quer que seja.
Os símbolos que compõem o sexto Arcano.

O jovem na junção dos dois caminhos é um adolescente tendo que optar entre o vicio colocado á sua direita, na figura da jovem com vestes vermelhas e sedutoras, e a virtude colocada á sua esquerda, representada pela moça de vestes simples, brancas e com ares mais recatados. A mocidade do rapaz representa que as escolhas somente podem ser feitas num tempo certo, após, o indivíduo ter atingido a maturidade necessária. Em outras palavras, cada coisa tem o seu momento certo para ser decidida.
A estrela de seis pontas conhecida pela maioria das pessoas como Estrela de Davi e pelos iniciados como Estrela de Salomão, (esta estrela é na verdade o Selo do Rei Salomão), é composta por dois triângulos estão associados ás duas jovens que aparecem na cena. Assim sendo o triângulo ascendente associado á real evolução representa a moça de aparência casta e virginal, que convida o rapaz a tomar o caminho á sua esquerda e descobrir o amor de forma doce e pura. O triângulo descendente representa uma fogosa jovem que está pronta a satisfazer os desejos mais secretos do rapaz; todos os seus vícios e desejos podem ser agora realizados iniciando-o assim na vida sexual. Ela o convida a seguir pelo caminho da direita.
O arco pode ter dual representação, simbolizando ao mesmo tempo a ‘’flechada do cupido’’ que fará com que o rapaz se perca completamente nos braços da volúpia, da paixão e do desejo; mas também pode representar o arco do gênio da justiça que ferirá fatalmente o rapaz, caso ele se entregue de maneira desmedida ás suas paixões e desejos.
O caminho duplo representa a necessidade da escolha a qual nenhum de nós está livre em alguma área de nossas vidas. Ele simboliza as encruzilhadas da vida e o momento das tomadas de decisões sejam ela matérias, mentais, emocionais ou espirituais. Que nós tenhamos sempre um bom senso muito grande em tudo aquilo que optarmos ou decidirmos, e que nossas decisões sejam guiadas pela voz de nossa consciência e nunca pelo nosso ego, pois somente assim manifestamos a vontade Dele sobre a face da Terra.
Significado do 6° Arcano os Enamorados
Dúvida, confusão, insegurança, indecisão, instabilidade emocional e incerteza são apenas algumas das palavras que os estudiosos utilizam sobre o Tarot já há alguns séculos para definir o sexto arcano.
A cena nos mostra um rapaz na junção de dois caminhos opostos, guardados cada um por uma figura feminina. Á sua direita ele possui uma moça com vestes vermelhos que representa o vício, e á sua esquerda uma moça trajando vestes brancas, que é a personificação da virtude. Ele está indeciso e não sabe para onde seguir. Acima de sua cabeça podemos notar um arco pronto para disparar e partí-lo ao meio, caso ele decida seguir o caminho errado. Este arco, também poderia representar ‘’ o arco do cupido’’ associado também a Eros o deus do amor, pronto para ferir o rapaz e deixa-lo completamente apaixonado e perdido diante das várias ilusões do mundo afetivo. Ilusões com as quais devemos sempre tomar cuidado porque apesar da beleza e romantismo que dominam toda a cena, não podemos nos deixar iludir nem nos afogar em nossas próprias ilusões emocionais, uma vez que o Homem deve sempre ser o senhor de suas paixões e nunca seu escravo.
A grande questão que surge em nossas mentes quando nos deparamos com esta cena, é qual é o caminho errado? Qual o caminho que o jovem rapaz jamais deveria seguir?

Se meditarmos mais profundamente sobre esta questão, apesar do discordar dos inúmeros puritanos e falsos moralistas que infestam a  nossa sociedade,  veremos que o caminho errado não é o do vício e muito menos o da virtude. Não existem caminhos errados* e provavelmente quando tivéssemos que tomar alguma decisão semelhante á que o rapaz do arcano está tomando, se parássemos de nos preocupar em querer acerta – não segundo o que nós realmente queremos fazer, mais sobre o que a sociedade nos cobra e espera que nós façamos – e nos preocupássemos apenas em seguir a nossa ‘’ verdadeira consciência’’, ou o nosso Mestre Interno – como é dito na runa de Raido – acertaríamos bem mais do que erraríamos, e mesmo que errássemos, pelo menos uma vez na vida estaríamos seguindo a voz de nossa consciência, sem dar ouvidos ao que a sociedade espera que realizemos.
Muitas vezes este arcano também está associado á luta entre a consciência e as paixões, e esta luta não precisa necessariamente se dar na área emocional de nossa vida, podendo aparecer até mesmo em áreas bem materialistas ou altamente espiritualistas. A luta entre a consciência e as paixões, muitas vezes surge quando nos deixamos envolver demais pelos problemas de outras pessoas, ou quando voltamos os nossos olhos radicalmente para o nosso mundo material esquecendo-nos completamente que não somos compostos apenas pela matéria, negócios e trabalhos, e que temos que ter um tempo para o nosso relaxamento, repouso, boa alimentação e meditação. Ás vezes estamos tão envolvidos por questões que não nos dizem respeito e por problemas que não são os nossos que quando damos por nós, completamente cansados, exaustos e confusos diante de nós mesmos e de nossas vidas, vemos nitidamente que nos últimos tempos não estivemos vivendo a nossa vida intensamente, mais sim a vida de nosso patrão, sogra, vizinho, filhos, marido, esposa e etc... Com isto que acabo de dizer, de maneira alguma estou afirmando que não temos que nos preocupar com os outros, porque isto seria de um extremo egoísmo; mas antes de mais nada em uma fase onde nossa vida está confusa se tentarmos resolver em primeiro lugar as confusões das outras pessoas e depois as nossas, jamais sairemos da ‘’grande encruzilhada dos delirantes’’ que acham soluções para todo mundo enquanto suas próprias vidas permanecem sempre uma meleca. Se você estivesse em um navio afundando, seria louco o suficiente de salvar os demais tripulantes estando sua cabeça ainda abaixo das águas?
Coloque um pouco as preocupações dos outros para fora de sua casa (mente) e ocupe-se de você. Numa fase de indecisão e instabilidade, onde você tem que tomar medidas rápidas e não pode ficar em cima do muro, pare um pouco e medite sobre o que você realmente gostaria de fazer e aja! Seja franco com você mesmo e peça o auxílio do seu anjo-da-guarda, guia espiritual, mestre interior, santo de sua confiança, Deus Pai todo Poderoso e confie que sua intuição para decidir pelo melhor jamais falhará, ainda mais quando você age inspirado por Deus, permitindo que a sua vontade flua através de você pela ação que você pretende executar.
Procure não se identificar demais com as coisas ou se apegar á elas. Viva a vida da maneira mais natural possível, sem tentar controlar, possuir ou manipular quem quer que seja ou qualquer situação. Você já reparou como nós seres humanos sempre estamos tentando controlar as situações, ou as demais pessoas ao nosso redor ? Por que pelo menos uma vez em nossas existências não aceitamos o que a vida nos oferece e permitimos-nos ser navegados pelo Grande Arquiteto do Universo, que sempre sabe onde estão as águas mais calmas para ancorarmos os nossos frágeis barquinhos que somos nós mesmos?
Evidentemente, quando algo nos foge ao controle ficamos desesperados, desorientados e sem saber o que fazer. Aí cometemos um dos maiores erros que é o de abrir as nossas vidas privadas ás demais pessoas, achando que a solução de nossos problemas está no fato de todas as pessoas ao nosso redor terem acesso a eles. Este comportamento não resolve coisa alguma, uma vez que a maioria das pessoas ao nosso redor está mais desorientada do que nós, e por mais belas que sejam as suas intenções de auxilio a nosso respeito- isto quando elas têm a intenção de nos auxiliar e nos fazem de nossos problemas objeto da primeira página do jornal da cidade em que residimos – elas nos farão agir segundo o que elas acham, e mais uma vez teremos perdido a oportunidade de ouvir a nossa Voz Interior e agir segundo o que realmente importa  ou seja: a Nossa Consciência.
Perante as dúvidas e incertezas do sexto arcano, a pessoa em primeiro lugar deve se posicionar de modo tal que ela realmente saiba o que quer dentro do atual momento obscuro que está atravessando, pois se nem a pessoa sabe realmente o que quer de sua vida, fica muito difícil achar a luz no fim do túnel. Túnel este que a pessoa entrou por sua falta de firmeza e de força de caráter perante a vida.

Como último e belo conselho para que possamos tirando este arcano em consulta, não nos ver numa situação confusa, vale lembrar as sábias palavrasdo quinto arcano – O PAPA:
- No silêncio do teu coração, procura ouvir a voz que vem dos Céus. Lembra-te que o gênio do mal está á tua esquerda, e do Bem á tua direita. Tua voz só é ouvida pela tua consciência... Recolhe-te em ti mesmo e ela te responderá.
* Talvez realmente haja um caminho errado que é negar a voz de nossa consciência. A consciência sabe que o destino do ser humano é a evolução, e que o ser humano tem que lutar pela sua ascensão gradativa em direção unicamente á perfeição. O fato de ás vezes não nos concentrarmos em nossa evolução e nos preocuparmos em atender as exigências de nosso ego, não indica que estamos no caminho errado, mas sim que no mínimo, estamos perdendo muito tempo, pois com certeza procedendo assim ainda teremos que encarnar muitas as vezes até que resolvamos retornar ao Pai...
O Caminho na árvore da vida (cabala).

REFERÊNCIA DE ESTUDO:
__________________________________
 
Segredos do Eterno. Alexandre José Garzeri

O TarotCabalístico - um manual de filosofia Mística. Robert Wang
IMAGENS E DECKS (fotos)
THOTH CROWLEY
TAROT NAMUR
MARSELHA
SALVADOR DALÍ TAROT
BARBARA WALKER
LEONARDO DA VINCI
RIDER WAITE
TAROCCO SOPRAFINO

2 comentários:

  1. Oi Euclydes! Posso fazer algumas ressalvas?

    Bem, mais que a dúvida e a incerteza em si, a primeira coisa que me vinha à mente sobre os Enamorados era o livre-arbítrio e a responsabilidade inerente a ele. A questão da dualidade (ou no caso dos tempos contemporâneos, a multiplicidade) de caminhos foi apontada de forma bem detalhada em seu texto, mas há algo importante a considerar: o sexto Arcano é uma carta que fala de amor.

    Pois é, eu muitas vezes esqueci disso e só focava a interpretação dos Enamorados como a tal indecisão. Até o dia em que percebi, atônita, que é uma carta de fala de desejo, amor, apego. A escolha aparece como pano de fundo na simbologia clássica do Tarot (Marselha e Soprafino como exemplo); mas observando bem o Rider-Waite, o Scapini, O Visconti-Sforza e mesmo o Thoth, o que predomina nas imagens é o tema do amor.

    O que me fez pensar, refletir e meditar sobre essa carta, concluindo que sim, a escolha e o livre-arbítrio estão ali, desafiadores - sendo geminiana, eu entendo muito bem o que isso representa - mas a decisão deve ser feita com amor. Na realidade, todos sabemos o que realmente gostamos e apreciamos, e sendo os Enamorados um Arcano ligado a Gêmeos, o sentido se revela - pois a razão (ligada ao Ar) é a única coisa que impede o desejo de prontamente se manifestar na escolha. Este último já sabe o caminho a tomar, pois é o próprio querer em si.

    Talvez a verdadeira escolha seja essa, seguir a razão, ou a emoção ao decidir algo. Particularmente, acredito que a saída é o meio-termo, a conciliação, o diálogo entre ambos. Não existe 8 ou 80 como parece, bem (virtude) e mal (vício) são partes integrantes do mesmo ser, assim como yin e yang, masculino e feminino, etc. A grande sacada do Arcano 6, para mim, está nisso. E só assim consegui entender porque ele foi associado ao signo ao qual pertenço, afinal, somos mediadores. ;)

    Enfim, este é meu modo de ver o sexto Arcano, pelo qual aprendi a ter um carinho especial depois de todo processo de reflexão que tive com ele. Espero que possa colaborar de alguma maneira para aqueles que têm dúvidas quanto ao que podem definir dessa lâmina tão controversa.

    Bjs!

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  2. Oi Isabel...
    Maravilhosas suas colocações.
    Daria até para colocarmos como um "aditivo" ao texto publicado aqui no Tarot Cabala.

    Realmente concordo que o AMOR é reflexo deste arcano, faltou apenas mencionar isso com mais precisão no texto, mas seu comentário fez este trabalho e gostei muito do que vc escreveu.

    Obrigado.
    Beijosss...

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